sábado, 7 de setembro de 2013

O VOO RASANTE DO AVE


De cada vez que acedo a dados como estes (publicados na “Veja”) sobre a dimensão mundialmente atingida pelas grandes redes de retalho de vestuário – com a Zara, grupo espanhol de origem galega, em disputa da liderança taco-a-taco com um grupo sueco e outro americano, ocupando o primeiro lugar em número de lojas (6000) e o segundo em número de países com presença (86) e em volume de faturação (21 mil milhões) –, imediatamente recordo, com nostalgia pessoal e lástima cidadã, aquela segunda metade dos anos 80 em que alguns sonharam com a possibilidade de uma espécie portuguesa do que veio a ser a Zara, e por isso pugnaram como puderam (designadamente no âmbito de uma OID do Vale do Ave que juntou, entre outros, Abílio Cardoso, Alberto Castro, Álvaro Almeida, Álvaro Domingues, António Babo, António Figueiredo, António Lacerda, Elisa Ferreira, José Marquitos, José Varejão, Nuno Portas, Teresa Sá Marques e eu próprio).

Apesar do apoio incessante dos responsáveis autárquicos de então (Fafe, Famalicão, Guimarães e Santo Tirso), a cultura do individualismo empresarial e o vício utópico-triunfalista do poder político central(ista) falaram mais alto e os progressos foram bem mais modestos (fortes melhorias infraestruturais, centro tecnológico, educação e formação profissional, algumas ações voluntaristas). Depois veio Michael Porter, ajudando a que caíssemos “na real” e a mais algumas evoluções positivas – mas já era tarde para voos de outro alcance…

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