quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

A ATUALIDADE EM DEZ NOTAS POUCO AFINADAS

(Pierre Kroll, http://www.lesoir.be)

A notícia mais badalada por estes dias terá sido a dos presumíveis amores de Karol Wojtyla, divulgada que foi parte da correspondência por ele trocada durante anos com a filósofa polaca naturalizada americana Anna-Teresa Tymieniecka. O tratamento dado ao assunto teve quase sempre um lado sórdido, ainda que envergonhado ou implícito. No que me toca, e porque valorizo sobremaneira a complexidade dos afetos, fiquei a apreciar bastante mais a personagem em causa.

(Pierre Kroll, http://www.lesoir.be)

A guerra na Síria prossegue numa escalada de proporções dramáticas e cada vez mais perigosas em termos de salvaguarda de mínimos de convivência pacífica no plano mundial. Os avanços que a Rússia e Bachar al-Assad parecem estar a garantir no terreno só podem envergonhar a diplomacia e a estratégia política e militar dos países ocidentais. Sendo que reina nos céus da região uma confusão tão inconcebível que quase tende a fazer da imagem acima algo mais do que uma irónica exploração da situação em presença.


Economicamente, o ano começara com fortes explosões vindas da China (do crescimento em diminuição às manifestações de crise no sistema financeiro, para dizer depressa) provocando repetidamente abalos de monta um pouco por todo o lado e ao nível da economia mundial como um todo. Uma bomba-relógio será talvez a melhor forma de caraterizar este gigantesco bico de obra.


Os mercados estão nervosos, diz-se. Ele é a China, pois claro, mas também a situação de diversas economias emergentes, o preço do petróleo em queda abrupta, as taxas de juro negativas, a duvidosa solidez dos bancos, etc. etc. etc. E, a tudo isto, ainda se foram juntar as malditas repercussões do esboço de orçamento português sobre os spreads da dívida...

(Jean Plantu, http://lemonde.fr)

Nos Estados Unidos, a luta presidencial aquece significativamente e a escolha da representação republicana chega a limites perfeitamente absurdos e assustadores, tanto mais quanto é cada vez menos de excluir que um desses inenarráveis cromos que foram tornados candidatos possa aspirar a liderar de facto os destinos da maior potência mundial no próximo futuro.

(João Montanaro, http://folha.uol.com.br)

No Brasil, nem a folia carnavalesca conseguiu disfarçar uma terrível catadupa de desgraças económicas, políticas, sociais e naturais. Com Dilma já praticamente sem capacidade de reação, pouco menos do que num estado letárgico de improvável remissão.

(Ricardo Martínez, http://www.elmundo.es)

Aqui mesmo ao lado, e enquanto Sánchez ainda tem mais duas longas semanas para tentar chegar a um acordo de governo que parece altamente improvável, o PP e Rajoy agonizam com intermináveis episódios de corrupção e as inerentes demissões (táticas ou forçadas) das suas duas importantes correligionárias de Madrid (Esperanza Aguirre) e Valência (Rita Barberá).

(Christian Adams, http://www.telegraph.co.uk)

Na União Europeia e no Reino Unido vive-se em nervosa contagem decrescente para o primeiro grande momento definidor de um eventual “Brexit”. Os responsáveis europeus e britânicos já sinalizaram que a negociação de Sexta-Feira vai ser dura e, se a opção do Conselho for a mais habitualmente consagrada (protelar, pois claro), o tempo poderá jogar irreversivelmente (e decerto desastrosamente) a favor dos partidários do out.

(Ingram Pinn, http://www.ft.com

Ainda na União Europeia, prossegue sem fim digno à vista o gigantesco drama associado à questão dos refugiados. Um barril de pólvora que já se tornou, aconteça o que acontecer, a maior vergonha coletiva da Europa do nosso tempo. Só a dimensão das consequências está verdadeiramente por apurar.

(Reiner Schwalme, http://www.tagesspiegel.de)

Por fim, Merkel de novo. Embora na mesma onda de isolamento que começa a tornar-se a sua sina. Cito um sugestivo apontamento do “The Economist” da última manhã: “Raramente Angela Merkel pareceu tão solitária na Europa. Acusada durante a crise do Euro (pelo ‘The Economist’, entre outros) de não liderar de modo suficientemente assertivo, a chanceler alemã agiu corajosamente na crise dos refugiados, colocando as preocupações humanitárias em primeiro lugar. O seu erro de cálculo foi o de assumir a solidariedade europeia ao aceitar aqueles fugitivos de guerra. Pelo contrário, os membros orientais da União Europeia transformaram-se num ombro gelado. A Grã-Bretanha – mesmo quando suplica à senhora Merkel concessões que possam influenciar os britânicos a votarem no sentido de uma permanência na UE – também oferece pouca ajuda. E agora a França, o tradicional copiloto do tandem que impulsiona os avanços da União, está a abandoná-la: no fim de semana Manuel Valls, o primeiro-ministro, reiterou que a França apenas tomará 30 mil refugiados (a Alemanha abriu as suas portas a um milhão no ano passado).”

Em conclusão:

(Jeremy Banks, “Banx”, http://www.ft.com)

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