sábado, 13 de fevereiro de 2016

YANIS E O DiEM25

(Cristiano Salgado, http://expresso.sapo.pt)


O regresso de Yanis Varoufakis à cena política internacional aconteceu no passado Domingo no “Teatro do Povo” de Berlim, onde lançou o “Movimento para a Democracia na Europa 2025” (DiEM25) que definiu como um fórum para a partilha de ideias entre europeus.

Os seus pressupostos e objetivos são, a meu ver, inquestionavelmente justos: a democratização da União Europeia; a ideia de que as políticas autoritárias não podem ser confrontadas ao mero nível nacional mas apenas a um nível europeu; a urgência de que um aprofundamento da integração europeia seja acompanhado de maiores garantias de soberania para cada Estado-membro; uma maior transparência aos níveis mais altos da tomada de decisão da União Europeia; o combate por uma Europa plenamente democrática e funcional até 2025. E é assim inescapável que algo no manifesto apresentado e nos debates havidos nos remeta para os inspiradores contributos do sociólogo e filósofo alemão Jürgen Habermas e do recém-desaparecido sociólogo alemão Ulrich Beck, influências intelectualmente determinantes que várias vezes foram valorizadas neste espaço.

O problema – se é que se lhe pode chamar assim – reside substancialmente na velha e insolúvel questão do sistema e, paralelamente, numa dimensão sempre demasiado subvalorizada pelas forças menos ortodoxas/tradicionais da chamada “Esquerda”, a saber: a necessidade de assegurar como condição de viabilidade sine qua non destas iniciativas precursoras e “fora da caixa” que as mesmas consigam ir penetrando franjas associadas às forças políticas mais convencionais (sociais-democratas, socialistas e comunistas, se quisermos simplificar), o que pressupõe uma sincera atitude de abertura e uma inteligente capacidade de compromisso. Ora, no que a Portugal respeita, e embora seja de sublinhar a boa excecionalidade do comportamento recente do nosso Bloco (que parece apontar para uma crescente consciencialização daquela necessidade), o facto é também que tal desiderato não será alcançado com a agenda muito própria e pessoal de Boaventura nem com um bem intencionado Rui Tavares a atirar a tudo o que mexe...

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