Cavaco termina o seu desastrado, partidário e vingativo mandato presidencial – já pensaram que nem um mês falta para que o figurão desapareça para sempre da nossa vista! – mas vai até ao fim na sua abrutalhada saga.
Agora decidiu condecorar à pressa oito ex-ministros em pessoa mais um por correspondência. Os critérios de escolha são tudo menos rigorosos e justificados, sendo que a principal motivação da criatura pareça ter estado do lado de pretender homenagear cinco acólitos de Passos que passaram a integrar o caixote do lixo da nossa pequena história pelas piores razões – não teve lata para chegar a Miguel Relvas (embora tenha certamente ficado com pena!), mas lá constavam da lista Gaspar (que fez os estragos que fez e depois fugiu, deixando o lugar a Albuquerque – e porque não ela que até foi quem nos livrou da Troika?), Álvaro (talvez pelo criacionismo dos feriados e pelas rendas da eletricidade), Pires (quem sabe se pelo trauliteirismo e pelo serviço prestado a Portas?), Macedo (agora que as contas do seu legado na Saúde começam a deixar sérias dúvidas e reservas) e Crato (seguramente pela nada criadora destruição com que arrasou a nossa Educação) – e três governantes socialistas para compor o ramalhete (deixou, por exemplo, Correia de Campos de fora) e chatear alguns o melhor que fosse capaz – Maria de Lurdes para incomodar Mário Nogueira e a CGTP, Campos e Cunha para afrontar Sócrates e Rui Pereira para recordar as escutas e as Secretas.
No meu fraco entendimento, devia haver um tempo para que se digerissem devidamente as prestações ministeriais e se pudesse avaliar com mínimos de objetividade o sentido patriótico das suas prestações, contributos e legados (e não me refiro de todo a concordâncias políticas ou ideológicas), mas o medo de que algumas traições, ridicularias, incompetências ou breves e paniquentas passagens pudessem ficar esquecidas empurrou Cavaco a precipitar-se na ostentatória aposição de mais este seu lamentável carimbo; num quadro em que julgo que provavelmente só Maria de Lurdes e Bagão Félix fossem verdadeiramente dignos de uma distinção...
Entretanto, e porque Deus não dorme e os portugueses dormem menos do que aquilo que às vezes parece, foi também divulgada no mesmo dia da cerimónia uma sondagem em que são classificados os dez anos de Cavaco – constate-se na imagem abaixo que são quase 70% os nossos concidadãos auscultados que consideraram que o homem ou esteve mal ou foi até ao extremo do péssimo (um terço das respostas). Este Aníbal foi obra desenganada!
Sem comentários:
Enviar um comentário