terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

ESTARÃO AS COISAS A MUDAR?

(Projeção de défices públicas, FMI)


(Várias entradas que convergem na ideia de que por mais piruetas que a política monetária ensaie a sua ineficácia e a dos bancos centrais começa a incomodar muita gente)

Via Simon Wren-Lewis, a tabela que abre este post apresenta os défices públicos projetados (em percentagem do PIB) para os próximos tempos nas principais economias avançadas, o chamado G7. O Reino Unido é um campeão especial: é o único país que apresenta presentemente défices e que projeta transformá-los em excedentes orçamentais. Como o próprio Wren-Lewis sublinha, a absurda fixação nos excedentes orçamentais é ainda mais obtusa se pensarmos que o gabinete de Cameron e Osborne projetam uma descida do investimento público de – 1,8%. Manias que custam caro à estabilidade macroeconómica global.


A figura acima mostra o outro lado do problema e é Paul Krugman o seu autor. O aumento da base monetária (alimentada pelas piruetas da política monetária) não consegue fazer disparar a variação nominal do PIB. Ineficácia, incapacidade de fazer a banca dançar a mesma dança, o que quiserem. Volta política fiscal que estás perdoada.



(The Economist)


A perplexidade é tanta que falar da hipótese de “helicopter money” já não é tabu. Ou seja, já se prevê ser possível evitar a intermediação do sistema bancário e financeiro e estabelecer uma relação direta entre banca central e população, reservando-lhe um cheque surpresa para animar as suas compras. O acima de qualquer suspeita The Economist e o lúcidoMartin Wolf dão conta e vulgarizam essa possibilidade.


Entretanto, a OCDE avisa finalmente que a política fiscal existe e tem de ser acionada, até porque os sucessivos downgradings de previsões de crescimento económico mostram que a coisa está preta e que a crise da procura global continua a ser ignorada.

Sem comentários:

Enviar um comentário