Mais uma jornada em grupo animada por Joel Cleto. Desta vez, a componente histórica limitou-se ao Mosteiro de Leça do Balio e o resto do programa foi gastronómico – gastronomia também é cultura e o galo assado recheado é mesmo especial! – para cumprimento de uma promessa feita ao Sr. António Herculano e irmãs (do célebre restaurante Pedra Furada, às portas de Barcelos) aquando de uma recente excursão do grupo em apreço a Santiago de Compostela.
Meia-dúzia de curiosidades a assinalar em torno da visita ao Mosteiro: (i) a sua situação geográfica (a pouca distância da antiga estrada romana que, cruzando o Rio Leça na Ponte da Pedra, unia o Porto a Braga) e origem (já detetável no século X) e o marco histórico de ele ter sido a primeira casa-mãe em território português da Ordem militar-religiosa dos Cavaleiros Hospitalários por via da sua doação por D. Teresa (século XII); ((ii) a interessante estátua de Irene Vilar colocada em frente ao Mosteiro e assinalando o casamento nele realizado em maio de 1372 de D. Fernando, o Formoso com D. Leonor Teles, certamente o primeiro casamento de amor na realeza portuguesa; (iii) a assim permitida recuperação de elementos esquecidos na minha memória da nossa História de Portugal, como alguma injustiça no tratamento dado à “rainha maldita” ou o facto de a filha única do casal (Beatriz) ter sido casada com o rei de Castela e levado ao facto único de ser um filho bastardo de um rei a subir ao trono (o Mestre de Aviz, depois D. João I, descendente ilegítimo de D. Pedro I); (iv) a discussão que prossegue entre especialistas sobre o estilo do Mosteiro, talvez muito mais claramente gótico puro e duro do que uma síntese do românico com o gótico a que alguns aludem; (v) os lendários episódios associados ao sarcófago de Frei Garcia Martins, o “Santo Homem Bem Cheiroso”; (vi) a rara e valiosa placa funerária em bronze, datada do século XIV e patente na Capela do Ferro, e a cena incluída no seu canto superior direito aludindo ao Mistério da Encarnação nos termos do Evangelho apócrifo Arménio da Infância em que é Deus o anuncia à Virgem através de um raio de luz que lhe sai da boca e penetra a orelha de Maria (assim estando na origem da popular expressão “emprenhar pelos ouvidos”). Valeu!
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