sábado, 20 de fevereiro de 2016

ANTÓNIO, MÁRIO E FERNANDO... OU VICE-VERSA


Ouvi anteontem uma entrevista televisiva do Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Fernando Rocha Andrade (FRA). Bem mais hábil e preparado do que se poderia esperar da truculência que ressalta do seu porte e atitude discursiva. Julgo que não me enganarei muito se aqui deixar dito que FRA é o mais político de todos os atuais governantes na área das Finanças, o que lhe augura uma carreira tanto mais brilhante quanto saiba conter e controlar algumas tentações, seja desde já em termos de esforços de descolagem da sua imagem em relação a uma leitura apontando para excessos seja depois em termos de uma imprescindível capacidade de resistir a provocar uma precipitação da natural evolução dos acontecimentos...


Mário Centeno (MC), esse, vai gradualmente aparentando melhorias de adaptação às múltiplas exigências, nomeadamente comunicacionais, do lugar que ocupa. O que muito se saúda, tanto mais que é incontestável que existiram aspetos inexplicáveis e aparentes desnecessidades em todo o processo associado à sua assunção de um lugar ministerial de grande visibilidade nacional. Entretanto, e por um lado, tenho tremido em face da dimensão e substância das erratas ao Orçamento e tenho temido pelas respetivas implicações junto da maioria dos cidadãos. Além de que, por outro lado e mesmo sabendo que ninguém pode ser quem não é, sou dos que pensam que MC teria a ganhar se assumisse uma postura simultaneamente mais tecnocrática e menos desengonçada...


Prosseguindo um percurso hierarquicamente ascendente, termino com António Costa (AC) e as suas violentas diatribes contra o governador do Banco de Portugal (que já vêm de bem longe, aliás). Quero crer – ou melhor, quero estar certo de que – o primeiro-ministro tem plena consciência do que decidiu fazer e razões fundadas para tal. Mas não me sentirei grandemente descansado somente com base nisso, designadamente se as coisas não se esclarecerem com a desejável brevidade e de modo inquestionável, vindo a permitir ao invés a multiplicação de boatos desencontrados, o apoucamento gratuito de uma personalidade respeitável e tecnicamente competente, o crescendo de manifestações de baixeza política por parte de Montenegros e quejandos, o incontornável envolvimento do pior do PS, o avolumar de incomodidades nos principais responsáveis do BCE e o acirramento da hipersensibilidade dos mercados. AC é, hoje por hoje, o político português no ativo de maior eficácia e aquele que melhor pode contribuir para a defesa dos interesses nacionais nos areópagos europeus – contanto que consiga resistir a uma extremada confiança na sua boa estrela e aos discutíveis encantos dos sempre rasteiros jogos político-partidários puros e duros...

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