A revista Magazine do DN e do JN reproduz uma outra versão deste
acontecimento-fotografia, mais sóbria e apelativa. O dia é o 19 de setembro de
2016. Com uma arranha-céus nova-iorquino em fundo e um zeloso oficial (creio que
da Força Aérea) que transporta uma pasta, Jorge Sampaio, Marcelo Rebelo de
Sousa e António Guterres caminham de braço dado a caminho da ONU. A fotografia
que reproduzo acima é provavelmente respeitante a um momento posterior, em que
a chuva obrigou à abertura dos chapéus-de-chuva.
Pode dizer-se que a união daqueles três homens de braço dado, que já se
confrontaram politicamente em algumas ocasiões, não é uma imagem completa e
refinada da unidade nacional. Não o será de facto. Mas para a minha veia e
conceção de reformista, aquela caminhada representa o que eu chamo as margens
de transformação possível do país, com a lucidez política de Jorge Sampaio, um
dos raros políticos nacionais que conseguiu juntar o local ao nacional num
projeto político inovador, com o humanismo e a dádiva pessoal de Guterres numa
dimensão internacional que o país necessita e, finalmente, com o reformismo empático
de Marcelo.
Não é seguramente a unidade do espaço do acordo parlamentar á esquerda que
aquela caminhada representa. Mas é uma convergência em que me revejo e
sobretudo um conjunto de personalidades que nos mantém vivo o ego português, se
acaso isso existe.
Uma boa recordação de 2016.
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