O António Figueiredo antecipou-se-me na referenciação de alguns elementos suscetíveis de ficarem a pontuar aquela que se julga que virá a constituir a memória futura do dia de ontem. Não obstante, e porque me recuso a deixar passar a ocasião precisa em claro, cá estou a voltar ao tema com algumas capas de jornais europeus do dia – no caso, um francês, um inglês, um alemão, um holandês, um espanhol e um português –, uma das mais curiosas obras de arte dedicadas ao figurão (“Donald”, uma produção caligráfica do artista inglês Conor Collins realizada a partir de afirmações racistas, sexistas, insultuosas ou fantasistas por ele pronunciadas) e uma seleção de alguns dos melhores cartunes dos dias que antecederam o infeliz momento já consumado. A propósito deste e de tudo quanto o rodeou, apreciei muito especialmente o elogio público à filha e ao genro que lhe roubou – um jovenzinho imberbe que logo foi apontado como o único homem do mundo capaz de levar a paz ao Médio Oriente! –, a simbólica medida de instituir de imediato um dia nacional do patriotismo e aquele trecho do discurso em que se fala de como a classe média americana empobreceu para distribuir riqueza pelo mundo. Idem para os esgares e a teatralidade do personagem, para o kitsch de toda a ordem envolvendo-o e ao seu séquito, para o entusiasmo histérico de boa parte da assistência e para aquele repetitivo god bless America que nunca deixa de encher a boca de quem quer que “bote faladura” pública naquela terra sempre temerosa de perder as bênçãos de Deus. Ah, e já me ia esquecendo de mencionar a reação europeia, produzida sob a auspiciosa égide do vice-chanceler alemão que por mero acaso também acumula responsabilidades ditas social-democratas...
(Klaus Stuttman, http://www.tagesspiegel.de)
(Ricardo Martínez, http://www.elmundo.es)
(Steve Bell, http://www.guardian.co.uk)
(Kostas
Grigoriadis, http://www.efsyn.gr)
(Kak, http://www.lopinion.fr)
(Emilio Giannelli, http://www.corriere.it)
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