domingo, 22 de janeiro de 2017

CONTRAEVIDÊNCIAS DO POPULISMO ECONÓMICO DE TRUMP





A América democrática e responsável organiza-se para fazer frente ao indesejável populismo económico do Presidente eleito e o pensamento económico tem aqui um papel decisivo na marcação rigorosa e fundamentada à mentira pura e simples.

A Econofact Network é uma rede de economistas americanos que sistematiza evidência macro e microeconómica, destinada a balizar o debate e a corrigir a mentira ardilosa nesta matéria, a que o Edward R. Murrow Center da Fletcher School da Tufts Universit dá voz publicando essa informação.

Um dos temas favoritos de Trump é a mercantilização do comércio externo americano, America First, a América produz e consome. O gráfico que abre este post mostra que o crescimento económico americano não deixou de acontecer e com ritmos pujantes quando o défice externo americano esteve em níveis elevados. O contrário também aconteceu. Em períodos de crescimento anémico o défice externo era mais baixo. O populismo económico é perigoso ao reassumir o mercantilismo económico. O mundo reagirá e todos perdem.


Uma outra chave do populismo trumpiano é a questão do emprego industrial e da sua perda em determinadas regiões americanas, afinal as principais em que os argumentos do Presidente eleito penetraram. O gráfico acima mostra que a perda do emprego na indústria transformadora se observa em simultâneo com o aumento persistente do valor acrescentado industrial. O problema implícito é o do progresso técnico e dos efeitos da automação no emprego. É um problema real mas o populismo económico não tem arma para o combater, até porque dele beneficia enquanto representante de interesses económicos bem identificados. O mundo ainda não se adaptou aos efeitos da automação sobre o emprego. Noutras épocas, os efeitos foram similares mas o período em que a destruição de emprego superou o aparecimento de novos foi mais curto. Onde pode falar-se de novo de estagnação secular. Mas o populismo económico odeia o pensamento.


Finalmente, o gráfico acima mostra que, apesar da emigração não autorizada mexicana ser de elevada magnitude, a população mexicana que vive nessas condições nos EUA tem estabilizado e está recentemente a diminuir. O que implica que o problema não é o famigerado MURO, mas o que fazer com essa população que reside e provavelmente trabalha na sociedade americana. E não nos esqueçamos que temos população portuguesa nessas condições, que chegou com um visto turístico, foi ficando, tem filhos americanos e vai trabalhando informalmente.

Ora, aqui está um trabalho de marcação rigorosa que os economistas podem ajudar a construir de forma sistemática e implacável. O facto de não poderem ser ouvidos é um outro problema. E aí não assaquemos culpas ao populismo. O problema existe bem antes dele emergir, o que significa que não vale a pena assobiar para o lado.

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