(Os obituários têm-se
multiplicado neste blogue, sinal óbvio de que as nossas referências são
vetustas, é o caso da
morte de Sir Tony Atkinson, um mentor incontornável dos estudos da desigualdade
e sem o qual o qual Thomas Piketty não teria atingido a notoriedade que atingiu)
É triste, mas nos últimos tempos o Interesse
Privado, Ação Pública tem multiplicado obituários, sinais de desaparecimento de
amigos, de referências, de mestres, de homens de pensamento e de ação que
marcaram a formação do autor e a sua consciência cívica.
Não há um economista que tenha estudado a desigualdade que não
tenha passado pela obra de Atkinson, seja do ponto de vista empírico (uma torrente
de investigação empírica meticulosa, rigorosa, com um trabalho insano de pesquisa
de fontes de informação), seja do ponto de vista teórico, seja ainda do ponto
de vista da intervenção e das políticas públicas. O Inequality – What Can be Done,
Harvard University Press, de 2014 é uma obra testamentária de um reformismo
radical para que a social-democracia possa acolher as políticas contra a
desigualdade no seu ideário reconstruído para o nosso tempo (veja-se o tributo que Thomas Piketty lhe prestou no seu blogue no Le Monde).
Aos 72 anos, Sir Tony Atkinson pode dizer-se que nos deixa prematuramente, no primeiro dia de 2017,
sobretudo numa altura em que necessitaríamos da sua lucidez para continuar a
estudar empírica, teórica e politicamente a desigualdade.
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