(FOTO: Fred Stein Archive/Archive Photos/Getty Images)
(De uma entrevista
de Hannah Arendt de 1974, recuperada pela New York Review of Books, aqui fica
para memória atual um parágrafo sobre o totalitarismo, o que me faz pensar que muita coisa relevante
foi escrita cm a indiferença de muitos)
“Totalitarismo
O totalitarismo começa pelo
desprezo do que temos. O segundo passo é a noção de que: ´As coisas têm de
mudar – não importa como. Qualquer coisa é melhor do que o que temos´. Os
organizadores do totalitarismo organizam este tipo de sentimento de massas e
organizando-o articulam-no e articulando-o fazem com que as pessoas gostem dele.
Disseram-lhes antes que não matarás; e não matam. Agora dizem-lhes mata; e
embora pensem que é difícil matar fazem-no porque agora faz parte de um código
de comportamento. Aprendem quem matar e como matar e como fazê-lo ao mesmo
tempo. Isso é o que se designa de Gleichschaltung – o processo de coordenação. Estás
coordenado não com os poderes que deve ser , mas com a vizinhança – coordenado com
a maioria. Mas em vez de comunicar com o outro estás agora colado a ele. E
sentes-te obviamente muito bem. O totalitarismo apela às necessidades emocionais
muito perigosas de gente que vive num isolamento completo e com medo do outro.”
Arrepiante e tenebroso.
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