Em rigor, ninguém conhecerá o teor exato (ou mesmo razoavelmente aproximado) do difícil cozinhado que de há meses vem sendo sigilosamente preparado entre Sigmar Gabriel e Martin Schulz com vista à definição de qual dos dois deveria apresentar-se como candidato do SPD às eleições legislativas de setembro próximo. Ontem, ficamos a saber o resultado das ditas negociações, traduzido na combinação feita no sentido de ser Schulz a sacrificar-se enquanto adversário principal da chanceler Merkel.
Não creio que o ex-presidente do Parlamento Europeu, um político experiente e calculista, pense ter quaisquer veleidades vitoriosas, quer perante o panorama geral em presença (queda acentuada dos dois maiores partidos e consequente subida dos imediatamente seguintes, sobretudo do de extrema-direita AfD – ver gráfico mais abaixo) quer perante o vazio de ideias e a descredibilização de uma social-democracia alemã e europeia que se deixou tolher (em especial na última década, após a crise) por compromissos inconsequentes e capituladores com uma direita agressiva, neoliberal e cheia de culpas interesseiras.
Não obstante o acima referido, será curiosa e seguramente reveladora a observação do posicionamento que Schulz escolherá adotar nos oito meses que faltam para o ato eleitoral e, na decorrência, em termos de cenários pós-eleitorais e governativos. Apesar de não estar pessoalmente convencido de que o enjeu ainda possa ter conteúdo impactante e assim merecedor de uma qualquer dose de ilusão...
(Klaus Stuttman, http://www.tagesspiegel.de)
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