segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

E ASSIM ACABOU UM DOS SÍMBOLOS DO REGIONALISMO GALEGO!

(El País)



A rotura plena das Caixas, as entidades bancárias regionais espanholas, na sequência do resgate à banca espanhola, por sua vez resultado de uma série diversificada de desvarios que a crise financeira de 2007-2008 veio destapar, foi um duro golpe nas pretensões regionalistas de algumas regiões espanholas. Afinal, com essa rotura, perdiam um dos seus “braços armados”, a peregrina ideia de que na economia global pode haver instituições bancárias de dedicadas a um território e sabe-se lá a que cumplicidades, mais propriamente imparidades na linguagem da rotura.

O regionalismo galego não fugiu à regra. A Caixa Galicia, com epicentro na base financeira da Corunha, e tudo indica com o suave manto da Opus Dei a envolvê-la, antevia-se ser uma peça chave do regionalismo galego, Fraga compreendeu-o como ninguém e as restantes lideranças galegas tudo fizeram para prolongar essa cumplicidade. Mas as cumplicidades geradoras de imparidades eram muitas e as réplicas da crise financeira em Espanha precipitaram a sua transformação. Mas as soluções apontadas à criação de novas entidades não estiveram à altura das responsabilidades. 5 altos dirigentes da Nova CaixaGalicia, uma espécie de banco bom da velha Caixa Galicia, viram ontem confirmada a sua pena de dois anos de prisão, determinada pelo facto de se terem atribuído pré-reformas milionárias em plena crise e em pleno desespero de muitos depositantes atingidos pelo processo. Um ambiente-filme de fim de festa e adeus braço armado do regionalismo galego, amputado da sua base financeira. Resiste o Santo, a Catedral e outras tradições, designadamente culturais e gastronómicas que muito apreciamos, entre os quais eu próprio na minha vida de cidadão transfronteiriço aprendiz. Seguramente um regionalismo mais soft e imaterial, mas talvez mais resiliente do que a ilusão de uma base financeira regional.

A crise trouxe muitos ensinamentos. Aliás como todas as crises.

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