(El País)
A rotura plena das Caixas, as entidades bancárias regionais espanholas, na
sequência do resgate à banca espanhola, por sua vez resultado de uma série
diversificada de desvarios que a crise financeira de 2007-2008 veio destapar, foi
um duro golpe nas pretensões regionalistas de algumas regiões espanholas. Afinal,
com essa rotura, perdiam um dos seus “braços armados”, a peregrina ideia de que
na economia global pode haver instituições bancárias de dedicadas a um território
e sabe-se lá a que cumplicidades, mais propriamente imparidades na linguagem da
rotura.
O regionalismo galego não fugiu à regra. A Caixa Galicia, com epicentro na base
financeira da Corunha, e tudo indica com o suave manto da Opus Dei a envolvê-la,
antevia-se ser uma peça chave do regionalismo galego, Fraga compreendeu-o como
ninguém e as restantes lideranças galegas tudo fizeram para prolongar essa cumplicidade.
Mas as cumplicidades geradoras de imparidades eram muitas e as réplicas da
crise financeira em Espanha precipitaram a sua transformação. Mas as soluções apontadas
à criação de novas entidades não estiveram à altura das responsabilidades. 5
altos dirigentes da Nova CaixaGalicia, uma espécie de banco bom da velha Caixa
Galicia, viram ontem confirmada a sua pena de dois anos de prisão, determinada
pelo facto de se terem atribuído pré-reformas milionárias em plena crise e em pleno
desespero de muitos depositantes atingidos pelo processo. Um ambiente-filme de
fim de festa e adeus braço armado do regionalismo galego, amputado da sua base
financeira. Resiste o Santo, a Catedral e outras tradições, designadamente
culturais e gastronómicas que muito apreciamos, entre os quais eu próprio na
minha vida de cidadão transfronteiriço aprendiz. Seguramente um regionalismo
mais soft e imaterial, mas talvez mais resiliente do que a ilusão de uma base financeira
regional.
A crise trouxe muitos ensinamentos. Aliás como todas as crises.
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