Apenas uma breve nota para simbolizar ilustradamente um quase ideal fim de semana invernoso acontecido neste renovado Porto em que me vou movimentando. Miró está na Casa e, afinal, por mais quatro meses em relação ao inicialmente previsto – já não há desculpa para você evitar uma visita a esta mostra de seis décadas de pensamento visual e linguagens pictóricas, se possível fazendo-a com um daqueles guias discretos, conhecedores e detalhados que Serralves ostenta no seu portfólio. Mozart vai passando pela outra Casa, conjuntamente com outros sobredotados que fizeram a histórica musical da Humanidade – no caso mais recente, foi a vez da sua belíssima e grandiosa 41ª e última Sinfonia (“Júpiter”), com a Orquestra dirigida por David Angus e explicações de Mário Azevedo. Martin é o cinema, que parece de regresso a um maior e mais consentâneo espaço de convívio com os portuenses (vai mesmo voltar a haver cinema naquele meu Trindade onde nasceu a minha mãe?), e a sua obra em exibição (“Silêncio”) é um notável exemplo da Sétima Arte em estado puro – a adaptação do livro de Shusaku Endo, a mestria da técnica, a qualidade da fotografia, o gradual desfiar de uma narrativa permitindo enquadrar a repressão do cristianismo pelos japoneses (com os padres portugueses Ferreira e Rodrigues no centro da trama) numa compreensível lógica cultural e de diferenciação de mundividências. E só não acrescento outros M’s aos atrás citados, gastronómicos, convivenciais ou futebolísticos por exemplo, para não arriscar misturas talvez essencialmente indevidas...
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