sexta-feira, 29 de setembro de 2023

A MADEIRA JÁ NÃO É UM JARDIM, NEM ZOOLÓGICO!

(Henrique Monteiro, http://henricartoon.blogs.sapo.pt

Não pretendo estender-me muito aqui na análise das eleições madeirenses e da solução governativa dela resultante, nem também nas respetivas consequências (e ensinamentos?) para o plano nacional. Por isso, apenas deixo uns tópicos interrogativos para eventual reflexão daqueles que se interessam pelo tema: (i) Miguel Albuquerque venceu folgadamente as eleições mas repetiu o seu fracasso em relação à recorrente tradição do “jardinismo” ao ter voltado a não lograr uma maioria absoluta ― indício de um lento mas inapelável virar de página na Madeira?; (ii) Miguel Albuquerque mostrou ser um político hábil ou habilidoso ao ter declarado que não governaria se não obtivesse maioria absoluta e ao ter seguidamente encontrado uma forma rápida de escapar ao ruído que o começava a abafar em face do resultado obtido?; (iii) o Partido Socialista e António Costa querem o quê na Madeira, apenas dizer presente?; (iv) perante o modo como Albuquerque se fez com o PAN, as dúvidas levantadas por Nuno Melo quanto à escolha do futuro presidente do Governo Regional e a marcante expressão eleitoral do Chega e do Iniciativa Liberal, será que também na Madeira o CDS já morreu mas ainda não tomou conhecimento?; (v) o Iniciativa Liberal perdeu uma oportunidade de ganhar relevância política ao não se ter apresentado como o parceiro natural do PSD numa nova solução governativa?; (vi) o PAN vendeu a alma ao Diabo, cedeu à tentação de um protagonismo fácil ou colocou-se no terreno por forma a poder ir tendo uma pequena mas real e audível palavra a dizer na política nacional?; (vii) a forte subida do Chega confirmou que o mais provável é que não haja, em Portugal, um caminho de poder à Direita sem a sua participação?; (viii) entende-se que o Bloco e o PCP se contentem em ter um deputado na Assembleia Regional ou esse é mesmo o seu destino de partidos marginais e de protesto?; (ix) Montenegro foi fazer o quê ao Funchal na noite eleitoral? ― perante os números registados, ganhou alguma coisa com isso ou teve de esconder que estava a meter o rabo entre as pernas com aquela metáfora futebolística contra Costa?; (x) e o primeiro-ministro, cada vez mais frio e cínico na hipervalorização do seu interesse pessoal, conseguirá mesmo impor ao seu partido e aos portugueses a atitude arrogantemente seletiva e chocantemente desligada que lhe recomenda o seu tão adorado spin-doctor Paixão Martins?

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