sexta-feira, 22 de setembro de 2023

AS EXPORTAÇÔES EM TEMPO LONGO

(Elaboração própria a partir de https://unctadstat.unctad.org

A base de dados da UNCTAD sobre o comércio internacional é especialmente robusta, longa no tempo e muito original ao incluir também o cálculo de alguns indicadores relevantes (a eles voltarei em próxima oportunidade). Mas quase nunca é a ela que recorremos já que temos, aparentemente mais à mão, a informação do Eurostat ou da OCDE, entre outras. Contrariando este facto, fui à procura de aqui trazer a ilustração de uma primeira utilização demonstrativa da utilidade da dita base, o que traduzo nos dois gráficos que constam deste post.

 

O de cima põe a claro a pequena história do comércio mundial de mercadorias desde o final da 2ª Guerra Mundial. Ali está a hegemonia americana (21,6% das exportações mundiais totais em 1948) e o seu declínio (a ritmos por vezes paulatinos, outras vezes fortes) até à quota de 8,3% em 2022. Ali está também a progressão chinesa (apenas 0,9% do total em 1048), largamente expressa a partir da segunda metade da década de 90 do século XX e culminando nos 14,4% que tornam a China, já distanciadamente, no primeiro país exportador do planeta. Ali se observa ainda a reconstrução alemã (de 1,9% do total das exportações mundiais de 1948 para 12,9% em 1973 e com uma relativa constância em torno dos 12% até ao início do século XXI, momento a partir do qual a força alemã conhece uma quebra relativamente significativa que leva a Alemanha a atingir os atuais 6,6% de quota). Ali está, por fim, a marcante afirmação japonesa no pós-guerra (dos irrelevantes 0,4% de 1948 para cerca de 10% em 1986) e a sua subsequente perda a partir da segunda metade da década de 90 numa trajetória que conduz a quota atual do Japão a 3%. Claramente, a meu ver, uma boa ilustração de um gráfico excecionalmente falante.

 

O de baixo vai no mesmo sentido (ou seja, recorre ao mesmo indicador) mas fá-lo numa aplicação a um conjunto de economias que já foram designadas por semi-industrializadas ou por novos países industrializados (designações datadas para caraterizar economias industrializadas de rendimento médio no contexto mundial). Estão em causa os depreciativamente denominados PIGS (Portugal, Irlanda, Grécia e Espanha) e a Coreia do Sul, todos países com pesos negligenciáveis no comércio mundial à saída da guerra (contrariamente a um outro possível integrante desta amostra, a saber, a Itália que valia 1,8% no imediato pós-guerra). A evolução mais impressionante resulta como sendo a daquele país asiático (que cresce de 0,03% do comércio mundial em 1948 para 2,8% em 2022, já ultrapassando os 2,64% italianos), surgindo a espanhola e a irlandesa como moderadamente positivas (de 0,6% para 1,7% e de 0,34% para 0,86%, respetivamente) e a portuguesa e a grega como reveladoras de uma continuada falta de dinamismo e, assim, de uma aflitiva insignificância comparada (de 0,29% para 0,33% e de 0,16% para 0,23%, respetivamente). Outro gráfico igualmente muito falante, ademais colocando objetivamente o tantas vezes proclamado orgulho pelos resultados alcançados por Portugal en su sitio...

(Elaboração própria a partir de https://unctadstat.unctad.org)

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