segunda-feira, 11 de setembro de 2023

A UNIÃO AGUENTA?

O consultor Marko Jukic publicou nas redes sociais um gráfico muito elucidativo e que dá que pensar. Trata-se de um registo da evolução populacional nos países europeus e norte-africanos desde a queda do muro de Berlim. Registo que aparece assim comentado: “baixas taxas de natalidade, êxodo da população e, em demasiadas instâncias, conflitos armados conduziram a um declínio populacional no Leste”.

 

Na parte que mais diretamente nos toca, este gráfico suscita uma boa reflexão em torno da questão dos alargamentos da União Europeia: um fenómeno que tem sido largamente comandado pela esfera política e que já deu lugar a integrar no “Clube” países com o potencial de conflitualidade democrática da Polónia e da Hungria ou economias com o grau de ineficiência da Bulgária e da Roménia, estando agora na ordem do dia a entrada da Ucrânia (a que se junta a Moldova com a Geórgia a tentar) e de um conjunto de outros países (nomeadamente dos Balcãs Ocidentais) que há muito aguardam na fila mas que objetivamente se mostram bastante impreparados para tal em múltiplas dimensões essenciais (como aliás decorre do tempo de espera a que têm sido sujeitos, ver quadro mais abaixo).

 

Pessoalmente, sinto-me incapaz de optar convictamente entre uma coisa ou a outra (aprofundamento ou alargamento, como se dizia noutros tempos), mas a verdade pura e dura é que a multiplicação dos alargamentos já trouxe vários problemas e dificuldades à União dos dias de hoje, o que só poderá recrudescer nos tempos mais próximos (até limites indesejáveis de descontrolo interno) em caso de vir a prevalecer a prioridade estritamente política (com a ademais agravante de se ter tornado civilizacional na presente conjuntura), ponto em que Ursula e Charles Michel têm vindo a ser cantores ao desafio (embora não sem contarem com o assentimento, pelo menos tácito, dos grandes líderes nacionais).

 

A melhor expectativa estará talvez em enquadrar uma indiscutível necessidade de resposta sob alguma forma imaginativa e condigna de pertença comunitária para aqueles países ― em suma: entre a fuga para a frente e um grande medo das consequências (que não as mais interesseiras e cínicas, como as de que Portugal deixaria de ser um beneficiário líquido, como por vezes se insinua por cá!), aqui deixo um apelo a que se reconheça o enorme melindre da escolha mas não se evite equacionar a problematização do tema e o agendamento de um debate politicamente sério com vista a que se possa encontrar uma solução tão justa quanto possível para o mesmo...



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