sexta-feira, 8 de setembro de 2023

DO INVESTIMENTO DIRETO

(Elaboração própria a partir de https://bpstat.bportugal.pt

Longínquos vão já os tempos em que à proclamada necessidade imperiosa de captação de investimento direto estrangeiro pelo País (designadamente para fins de assim se favorecer um upgrade da sua estrutura económica e de especialização internacional) se tentou juntar a hipótese de uma relevância de o País e as suas empresas assumirem posições de algum significado em mercados externos (entre mais sofisticados e mais largamente dimensionados) ― um momento em que fui um fugaz protagonista político e um agente ativo dessa “nova política de internacionalização” (1996/2004), matéria que por ora não irei abordar dada a extemporaneidade que tal envolveria na corrente conjuntura político-económica. Mas à boleia da divulgação pelo Banco de Portugal de uma série atualizada de dados sobre os stocks de investimento direto (do exterior em Portugal - IDE, e de Portugal no exterior - IPE) procurei informar-me quanto às tendências entretanto verificadas pelos dois referidos indicadores e ao respetivo estado presente, assim como à relação entre eles; o que o gráfico acima reproduz.

 

Muito sinteticamente, o gráfico permite evidenciar a forte dinâmica de crescimento do IDE ao longo do último quarto de século (dos menos de 20 mil milhões de euros em 1996 aos 170 mil em 2022, estando já registado um valor de cerca de 174 mil, equivalente a 69% do PIB, no final do primeiro semestre de 2023) e um crescimento igualmente marcante mas bastante mais modesto e flutuante do IPE durante o mesmo período (de cerca de 3,4 mil milhões em 1996 para os atuais 66 mil em 2023, com a primeira década a surgir como claramente mais dinâmica). Em termos combinados, tais evoluções traduzem-se no ressaltar de duas tendências bem distintas: a de um peso do IPE no IDE em vultoso acréscimo na dita primeira década (de 17,2% em 1996 até aos 70,9% de 2005) e a de um paulatino decréscimo desse mesmo peso desde então (35,9% e 37,9% em 2022 e no primeiro semestre de 2023, respetivamente; valores que se apresentam em dobro relativamente aos de partida).

 

Para comentar em torno do muito que subjaz a estes números seria agora essencial que fôssemos mais a fundo no respetivo detalhe, o que a macro-informação disponibilizada não autoriza em termos cabais. Ainda assim, sempre haverá a salientar uma impressão que se vai colhendo no sentido de que os caminhos recentes do IPE terão sido cada vez menos sustentados por incursões produtivas versus especulativas; o que parece também começar a verificar-se com o IDE, embora de um modo bastante menos dramático, como tentarei mostrar em próximo post.

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