segunda-feira, 25 de setembro de 2023

ENGANOS OU ENGANOSOS?

Desde que sou gente que ouço dizer que só não muda quem é demasiado teimoso e autocentrado e que só não se engana quem não tenta fazer algo ou emitir uma opinião fundamentada. Verdades como punhos que, todavia, não julgo deverem aplicar-se de modo direto e sem filtros à atividade política. Veja-se o caso, oportunamente relembrado por João Miguel Tavares na sua coluna do “Público” e ontem reforçado com uma infografia por Luís Marques Mendes no seu oráculo dominical. Será aceitável, admissível mesmo, que um primeiro-ministro tenha no seu mandato cinco posições diferentes sobre a questão da TAP, tida por ser magna e mesmo determinante no plano ideológico-concetual e dos princípios diferenciadores das propostas políticas em confronto na sociedade portuguesa? A minha resposta é a de que sim, talvez sim, mas com uma inultrapassável obrigatoriedade anexa: a de o protagonista vir a público explicar-se, seja pedindo desculpa pelo lapso ou erro em que incorrera previamente seja trazendo à colação os eventuais novos dados estruturadores da sua nova posição. O que não é de todo tolerável é a gritaria avulsa com que o dito enfrentou ou enfrenta os seus adversários no Parlamento como se tudo e o seu contrário lhe pudesse ser permitido, comportando-se com um grau de desresponsabilização pessoal e política que roça o desrespeito e a impunidade perante a democracia e os portugueses.

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