quarta-feira, 27 de setembro de 2023

SIM, É O FMI QUEM O DIZ!

 

(Poderiam eventualmente pensar que se trata de uma afirmação proferida por alguma organização ativista da igualdade de género ou por alguma feroz militante nessas hostes. Mas não é assim. É de uma conclusão alcançada por um estudo promovido pelo FMI e realizado por uma equipa dos seus quadros e que vale inclusivamente a referência de gráfico da semana no blogue que aquela instituição internacional patrocina. A conclusão é inequívoca. Os países que conseguiram reduzir gaps de género tiveram retornos salientes em matéria de crescimento económico, a ponto de serem superiores às perdas de produto provocadas pela crise pandémica. Quer isto significar que está demonstrada a existência de mais uma via para o crescimento mais inclusivo, a de promover progressos na igualdade de género. E o racional fundamentador não parece ser algo de muito complicado. Afinal, a investigação empírica tem-nos permitido concluir que na generalidade dos países as melhorias de qualificação das mulheres têm sido mais salientes do que nos homens e existe também literatura sobre a importância do empreendedorismo feminino nos países de mais baixo rendimento. Não é difícil a partir daqui compreender em que medida os progressos na igualdade de género geram retornos de crescimento. Seja porque as mulheres levarão provavelmente as coisas mais a sério e serão mais determinadas, seja porque a revolução da mulher com mais educação está em marcha, o que os números mostram é que o retorno de crescimento dessa melhoria parece inequívoco. Uma boa notícia.)

O gráfico da semana anteriormente referido é de facto muito esclarecedor quanto à evidência e magnitude dos retornos de crescimento nos países de baixo rendimento e nas economias emergentes. Estamos obviamente a falar de países com massas relevantes de população feminina em processo de melhoria de qualificações, pelo que as medidas corretoras da desigualdade ao proporcionarem a entrada na força de trabalho e na economia de mulheres cada vez mais qualificadas se transformam numa política indireta, mas promissora, de crescimento económico.

Nem sempre os valores de evolução civilizacional e as políticas públicas destinadas a favorecê-las encontram meios de afirmação como o que está implícito nestes resultados, sendo frequentemente necessário que a política se afirme e imponha as soluções mesmo sem evidências demonstradoras.

O que não é o caso. A demonstração está implícita nestes resultados.

Por mera extrapolação para a economia portuguesa, sabendo que a melhoria de qualificações da população feminina, a todos os níveis, está em inequívoca progressão, basta então a aplicação do simples princípio, a trabalho igual remuneração igual, ou numa formulação mais apurada, a trabalho mais qualificado melhor remuneração, para garantir à economia portuguesa melhores condições de crescimento.

É o FMI que o diz.

 

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