Como já aqui confessei, a leitura do “Le Monde” foi um vício que me ficou para sempre desde a minha estada em Paris. Pois é da exploração desse tique que nasce o post de hoje, certamente algo hiperbólico (e peço antecipadas desculpas por isso) mas também assente na fundamentação pretensamente objetiva que a infografia acima ajuda a explicitar. Ora vejam: percorrendo os títulos principais da capa do referido jornal desta primeira quinzena de setembro, cerca de metade dos mesmos abordam matérias internacionais (do clima a Elon Musk, do putsch no Gabão à situação no Irão, do sismo de Marrocos ao da Líbia) e a restante metade (os acima reproduzidos) focam-se em problemas internos, franco-franceses dir-se-á. Só que uma leitura não detalhada desses títulos quase nos poderia levar a pensar que os grandes problemas gauleses acabam por não ser especialmente distintos dos grandes problemas portugueses ― da habitação à inflação, da escola aos bairros sociais, dos professores aos serviços públicos. Mesmo estando consciente de que se tratará de uma simplificação da minha parte, por todo o tipo de razões que afastam objetivamente um país europeu de primeira linha como a França de um país igualmente europeu mas com as cambiantes de fragilidade e pobreza de Portugal, não consigo deixar de me interrogar especulativamente sobre se não existirão regularidades de funcionamento e constantes de caraterização (grosseiramente, uma espécie de factos estilizados) que aproximam mesmo a generalidade das democracias liberais para além das suas desencontradas realidades concretas...
sábado, 16 de setembro de 2023
A FRANÇA AQUI TÃO PRÓXIMA?
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