quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

ARTUR JORGE

Estava há muito desaparecido do espaço público, fruto certamente da doença nos últimos tempos mas também de vários desgostos e desilusões que sobre si se abateram. Mas foi uma figura determinante do futebol português, quer como jogador (começando nos juniores do FC Porto, ganhando dimensão na Académica e alcançando o estrelato no Benfica, onde conquistou duas Bolas de Prata) quer como treinador (ficará para a posteridade como o treinador que venceu a primeira Taça dos Campeões Europeus para o FC Porto, com a inesquecível final de Viena contra o Bayern de Munique a pontuar acima de tudo, mas foi também vencedor de vários outros títulos, selecionador nacional e o primeiro técnico nacional a ter uma incursão profissional a alto nível no exterior, concretamente em Paris). Artur Jorge era também uma pessoa de fina inteligência, um homem de cultura (desde logo licenciado em Germânicas mas também poeta e colecionador de arte) e um cidadão marcado por uma assinalável independência de opções (chegou mesmo a obter o seu curso de treinador na RDA, foi o primeiro presidente do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol e nunca se escusou à participação e intervenção política). No que me toca, recordo o dia em que o conheci na festa de aniversário de um seu primo que era meu colega de turma no liceu D. Manuel II e onde, como jovem mais velho e já envolvido nas grandes lides do futebol, arbitrou com pulso firme uma partida de hóquei que os mais novos disputavam. Mais um desaparecimento dos que fazem mossa!

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