A política é cada vez mais igual em toda a parte. Falo das sociedades democráticas, claro, daquelas em que a responsabilidade dos escolhidos para o desempenho de funções de governação deveria constituir, por mor disso mesmo, um valor maior.
Vem este breve arrazoado a propósito de uma recente declaração com que Ursula von der Leyen (UvdL) nos brindou, segundo a qual a grande prioridade do seu mandato (o chamado Green Deal, tão obsessivamente interpretado pelo seu ex-vice-presidente Frans Timmermans) se tornou afinal suscetível de ser mais descartável, por razões associadas a inesperadas mas superiores determinações de ordem conjuntural, do que ela sempre proclamara em nome de uma suposta estratégia diferenciadora da União.
Ou seja: considerados os protestos dos agricultores nas ruas europeias, o apoio que estes têm dos grupos nacionalistas e eurocéticos em crescimento nas sondagens europeias e, em especial, a sua indisfarçada ambição de vir a fazer um segundo mandato à frente da Comissão Europeia e de para tal ter de procurar garantir o assentimento ou a neutralização daqueles, UvdL decidiu-se pela retirada de uma diretiva (a chamada SUR, Sustainable Use Regulation) que previa um corte de 50% no uso de pesticidas químicos até 2030 com base no fundamento de que os mesmos são uma fonte importante de poluição e constituem causas de perdas em termos de biodiversidade, qualidade da água, degradação dos solos, resistência a pragas e doenças crónicas.
Como bem terá parodiado o velho Groucho Marx, abaixo recuperado pela cartunista: “estes são os meus princípios mas, se não gostam deles, eu tenho outros”...
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