Como é sabido, a OCDE produz um volume gigantesco de informação e investigação aplicada nos mais variados domínios económicos, sociais, políticos, culturais e outros. Material abundante e decisivo para uma boa compreensão das diversas realidades em presença nos seus 38 Estados membros e na economia mundial em geral. No que me toca, cá vou procurando aceder aos dados e relatórios mais diretamente associados aos meus interesses de aprofundamento do conhecimento. O que aqui trago hoje corresponde a um curioso exemplo concreto extraído de trabalhos realizados no quadro do “Observatory on Social Mobility and Equal Opportunity” da Instituição.
Começo por chamar a atenção para o primeiro gráfico abaixo, que traduz o peso relativo das respostas obtidas nos diferentes países a uma questão relacionada com a perceção da desigualdade económica existente (Do you think that in your country there should be less economic inequality?). Para além de uma expectável resposta maioritariamente positiva em todos os casos, relevem-se os 80% registados para a média da OCDE e, muito especialmente, os 96% obtidos no caso português (aquele em que os inquiridos surgem como os mais reclamantes de todos em sede de uma efetiva necessidade corretiva, seja por via de uma redução da desigualdade económica e/ou por via da promoção da igualdade de oportunidades).
Complementemos agora a análise através da observação do segundo gráfico abaixo, que traduz o peso relativo das respostas obtidas nos diferentes países a uma questão relacionada com a perceção dos fatores subjacentes à obtenção de sucesso na vida (com destaque para o potencial papel do esforço associado ao trabalho). A média da OCDE aponta para 58,5% dos inquiridos a valorizarem o contributo do trabalho acompanhado de mais outro, enquanto no caso de Portugal são apenas 44,3% aqueles que tal consideram (o que nos coloca na quinta posição mais cética da amostra de países na matéria). Resultado que é confirmado pela leitura inversa: 24,3% é a percentagem de inquiridos que excluem o contributo do trabalho para uma vida bem-sucedida, mas tal rácio passa a ser de 34,6% no que toca a Portugal (o que nos coloca na terceira posição mais cética da amostra de países na matéria).
Consciente embora de apenas estarmos em face de sinais, julgo ainda assim pertinente concluirmos pela debilidade do atual estado de alma dos portugueses. Et pour cause...
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