Mantenho-me centrado naquele que é o maior problema político que verdadeiramente emerge na atual fase de pré-campanha eleitoral do Continente. E esse é, como o meu post de ontem já tendia a apontar, o dos complexos dilemas que atingem Pedro Nuno Santos (PNS) e o seu Partido Socialista.
Ao longo do dia, sucederam-se as tomadas de posição, as clarificações e as pressões por parte de diferentes militantes do PS a propósito do que cada um entende que deve ser feito pelo partido em relação a um possível governo minoritário do PSD nos Açores. Sendo que o velho ditado “cada cabeça, sua sentença” antes indicaria como bem mais azado que, não fossem os “achismos” e os protagonismos individuais, o debate político tivesse tido lugar no recato do espaço interno. Já à noite, PNS abriu os debates televisivos com Rui Rocha e por lá deixou bem à vista a sua incomodidade em termos de posicionamento, quer no tocante aos Açores (a autonomia regional blá blá) quer através de uma crescente e suicida colagem à herança de Costa (às mãos da qual se arrisca a morrer na praia, se não arrepiar algum caminho de distanciação que procure enquadrar o seu currículo governativo e afirmar determinantemente o seu anunciado “novo impulso”). A sondagem da Universidade Católica, igualmente divulgada ao fim do dia de ontem, confirma esse manifesto risco tendencial de um PS em rota de perda.
É impossível de escamotear a divisão que grassa no seio do PS em relação à questão da solução açoriana, uma armadilha bem urdida na noite de Domingo pela dupla Montenegro/Bolieiro e em que, ingenuamente, os socialistas se deixaram cair e mergulhar. Embora PNS tenha hoje feito saber informalmente que seria contra a viabilização do dito governo minoritário da AD, muito do mal associado às primeiras impressões estava já feito aos olhos e ouvidos dos cidadãos mais atentos (e indecisos).
Não obstante, e no quadro de uma margem de manobra que se tem de reconhecer cada vez mais estreita, PNS ainda poderá tentar virar a mesa com base num esforço de reorientação da sua estratégia que abranja os principais pontos de fragilidade que vai fazendo emergir de modo visível, a saber: evitar entrar em “jogos de espelhos” e entregar as despesas da governação dos Açores ao PSD (que é quem tem de se definir) e ao Chega (que tanto irá falando que ninguém conseguirá finalmente vislumbrar o que fará), mandar calar os papagaios (com amigos destes...) e apostar urgentemente na apresentação de um programa credível e diferenciado que aprofunde devidamente os caminhos de proposta que começou a abordar no Congresso. Todavia, insisto, as hipóteses primoministeriáveis de PNS estão agora a reduzir-se de dia para dia e a olhos vistos.
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