domingo, 4 de fevereiro de 2024

FEIOS E MAUS

(Max Tilgenkamp, http://www.lesoir.be)

(Pierre Kroll, http://www.lesoir.be e Nicolas Vadot, http://www.levif.be) 

Vivemos tempos agitados, estranhos e perigosos. Onde tudo tende a apontar para roturas marcantes e transições marcadas em gestação. E onde falta gente capaz ao comando, líderes como aqueles que existiram em períodos passados de incerteza e mudança e aí foram fatores relevantes de segurança e confiança.

 

No meio desta enorme lacuna, surge ainda a agravante de responsáveis caricaturais, como é o caso daquele que aqui me serve de ilustração hoje, o presidente do Conselho Europeu Charles Michel (CM) ― um personagem detestado nos meios bruxelenses por ser generalizadamente considerado um despesista sumptuário, um autoritário vaidoso e inconsequente e um incompetente funcional para o exercício cabal da tarefa política que lhe foi acometida (apreciação que já ocorrera aquando da sua passagem como ministro e como primeiro-ministro pelo governo belga) e que, além do mais, não primará nem pela decência nem pela inteligência ao que ainda acrescenta uma acumulação de gafes sucessivas e de episódios de péssimo gosto (quem não se recorda do episódio da cadeira de Ursula von der Leyen no decorrer de uma visita oficial dos dois à Turquia?). Foi sem espanto, pois, que há dias me chegou o testemunho de uma conversa entre dois altos funcionários bruxelenses em que, referindo-se a CM, confidenciavam entre si serem homens desta inqualificável estirpe que delapidam a imagem da União, já que nem ao menos conseguem assegurar as condições necessárias ao regular funcionamento das dinâmicas burocráticas.

 

Muito recentemente, foi também chocante o contorcionismo calculista e ambicioso que CM revelou ao vir informar que abandonaria o seu atual posto para se candidatar ao Parlamento Europeu à frente da lista do seu partido nacional, acabando umas semanas depois por vir declarar que afinal desistia desta corrida e se mantinha no Conselho até ao fim do mandato ― sem mais comentários, apenas assim ficando no ar uma curiosidade mórbida quanto ao próximo destino político do senhor. Ademais num quadro europeu que irá conhecer, pela primeira vez na História, o peso destrutivo de influências fortes de tipo populista e eurocético.

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