Dirá o leitor com menor atração pelo fenómeno futebolístico que, quando este mês estava a correr tão bem, venho eu agora estragar tudo. Mas qualquer observador isento acabará por compreender as minhas razões, diretamente provenientes de uma noite muito bem passada no Dragão. Tratava-se da primeira mão dos Oitavos-de-Final da Champions, com o FC Porto a receber o fortíssimo Arsenal de Londres e uma desgraça anunciada no horizonte. Afinal, um renascido Sérgio Conceição, de volta aos seus momentos mais inspirados, monta uma equipa organizada e capaz de anular, com muita vontade e alguma classe, uns gunners que dominaram (63% de posse bola e 10 cantos a favor contra 1) mas não conseguiram resistir à teia que se lhes apresentou e acabaram até por sofrer um golaço (Galeno) no último minuto do tempo extra. O jogo foi disputado e os atletas portistas estiveram, todos, em excelente plano no cumprimento da estratégia preparada pelo seu treinador; ainda assim, destaque especial para um guarda-redes seguríssimo, para um médio todo-o-terreno (Alan Varela) e para a entrega e a exibição esclarecida de Francisco Conceição, sem esquecer a excelente estreia do central Otávio ao lado do eterno Pepe. A coisa foi a tal ponto que até o árbitro, um neerlandês de 38 anos e com quatro tremas no nome (Serdar Gözübüyük), fez bem o que lhe era pedido, sem complicar nem praticar o mui frequente benefício dos mais ricos. A segunda mão, no “Emirates Stadium”, acontecerá a 12 de março e terá naturalmente os da casa como indiscutíveis favoritos; resta esperar que os portistas se apresentem na ocasião com a mesma dignidade de hoje e vendam cara a derrota ou, se Deus estiver para aí virado, possam conseguir um apuramento mais ou menos milagroso para os Quartos.
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