(A Voz de Galicia de 22 de abril de 2024 anuncia em título que “La UE da prioridad al tren entre Lisboa y Madrid frente al de Oporto-Vigo”. O jornal galego é normalmente uma entidade bem informada sobre questões luso-galaicas e, neste caso, o artigo tem origem no seu correspondente em Bruxelas Pablo González. A confirmar-se a notícia ratifico a minha impressão de que o eixo ferroviário atlântico entre o Norte e a Galiza é uma valente treta e evidencia bem a falta de poder em Espanha da Galiza apesar de Feijoo e outros pares, reafirmando a velha ideia, para mim também clara, que o Norte continua a apanhar bonés e ainda por cima não de muita qualidade. Quando ainda Pedro Nuno Santos era ministro das Infraestruturas e assumiu politicamente, com a anuência de António Costa, que a ligação Lisboa-Porto. Braga-Vigo era prioritária em relação à de Lisboa-Madrid, com começo pela ligação entre Braga e Vigo, do lado saudei então a decisão pela sua coragem política, mas não deixei de expressar que tal S. Tomé esperaria para ver se era apenas um impulso de juventude política ou uma decisão com espessura e poder. A notícia da VOZ, avançando com a alteração de prioridades temporais nas opções europeias, vem dar razão à minha incredulidade e suspeição.)
A notícia da VOZ fala de justificações proporcionadas pelos atrasos de início das obras quer na saída sul de Vigo, quer do lado português, aos quais já dediquei atenção em posts anteriores, sobretudo à luz do que eu entendo ser uma incapacidade doentia de querer rendibilizar a existência aqui ao lado da segunda rede ferroviária de alta velocidade do mundo.
O jornalista Pablo González mete algum veneno na sua crónica de Bruxelas, falando de contactos próximos entre o esganiçado Moedas e a impetuosa Ayuso, colocando a cidade de Lisboa e a comunidade de Madrid no centro da alteração das forças de prioridade que estarão por detrás desta decisão comunitária, tomada no âmbito do novo regulamento das redes transeuropeias.
Remetida para uma nova categoria intermédia com data prevista de concretização para 2040, a ligação Porto-Vigo passa assim de novo para um segundo plano, confirmando que o eixo atlântico ferroviário entre o Norte e a Galiza é uma valente conversa da treta. Até lá, cada qual pegará em seu “coche” e rumará a Vigo, Ourense ou outra qualquer paragem intermédia se quiser tomar o gosto a uma ligação em alta velocidade a Galiza. A partir de maio será possível a partir de Vigo, embora a velocidade que de alta é apenas uma miragem, mas a partir de Ourense já está em funcionamento.
É o que nos resta. Mesmo com prioridade, dificilmente a data de concretização de 2030 para o Lisboa-Madrid será uma realidade exequível, esperando eu muito sinceramente que o esganiçado Moedas tenha de viajar a expensas próprias para gozar as delícias da ligação e não enquanto Presidente da Câmara de Lisboa.
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