terça-feira, 23 de abril de 2024

O DIA DO LIVRO

 


(Não sou propriamente um maluquinho dos dias mundiais ou nacionais de toda a tralha possível. Posso mesmo dizer que sou mesmo avesso a esses rituais, mas guardo algumas exceções e o do Livro é um deles, destacadíssimo. A minha relação com os livros é visual, as estantes fascinam-me, sensorial, de manuseamento, de simples curiosidade ou fruição, de alguma adicção ou adição como irritantemente o novo acordo ortográfico me obriga a escrever. Por isso, não poderia deixar passar esta curiosidade anual, num dia em que muito boa coisa tem sido escrita sobre os livros nos jornais de todo o mundo, como na visita pela manhã bem cedo pude confirmar. Mas interroguei-me sobre o que poderia trazer de novo a essas reflexões de gente bem mais profissional do que este amador convicto dos livros.  A minha opção foi a de vos trazer um livro recente, que acabou de me chegar à caixa do correio, com o selo da Grasset e que traz muito conteúdo sobre um personagem da política francesa e europeia a cujo mundo dificilmente regressaremos nos próximos tempos.)

O livro chama-se LA PROMESSE e é escrito por uma colaboradora próxima de François Mitterrand, Anne Lauvergeon e assenta segundo a autora num pedido do próprio Mitterrand, assim descrito: “Faz este livro em dez anos, fá-lo em vinte anos. Fá-lo quando quiseres, mas fá-lo. Promete-me que o vais escrever.”

Nunca apreciei políticos bacteriologicamente puros e sonsos, almas sem mácula ou malícia, gente própria de torres de marfim e incapaz de partilhar as tentações da gente comum. François Mitterrand não era seguramente uma dessas personagens de que fujo a sete pés, mas alguém que exerceu o poder sem preconceitos de errar ou transgredir.

Como escreve a autora, ela quis falar de um homem – e por uma razão mais forte de um homem de Estado, que está mais próximo de nós do que aqueles que, dotados de receitas de comunicadores, chegaram de todo o lado sem ter ido a nenhuma parte.

No meu modesto contributo, achei que o melhor que poderia oferecer ao Dia do Livro era chamar a atenção para esta bela obra editada pela Grasset, que contribuirá para que as minhas meninges não se afastem do francês e dos personagens que aprecio.

Sejam cuidadosos nas vossas compras.

 

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