terça-feira, 9 de abril de 2024

ALAVANCANDO O POPULISMO...

 
(a partir de Nuno Saraiva, https://expresso.pt e Henrique Monteiro, http://henricartoon.blogs.sapo.pt)

Já quase não há um dia em que o espaço público e a vida política deste nosso jardim à beira-mar plantado nos não forneça renovados contributos para o fomento desse populismo bronco e reacionário que cá se instalou algo tardiamente mas com bestialidade que chega. Ontem foi um desses dias com desgraçado excesso, sobretudo porque beneficiou do concurso de nada menos do que três figuras nacionalmente relevantes: o homem em maior foco foi o ex-primeiro-ministro Passos Coelho, agora senhor de uma postura muito encenada e visivelmente nada genuína, ao ir apresentar um livro (“Identidade e Família”) em que pontuavam autores de tramontana civilizacionalmente perdida (com o dominante caso patológico das referências de João César das Neves ao tratamento da condição feminina através dos tempos) e ali aproveitar para reiterar com estrondo as suas posições extremadas sobre a sociedade portuguesa e de aproximação do PSD às pretensões de Ventura; o Presidente Marcelo ao dar mais um passo na sua saga em torno das gémeas, desta vez atirando areia para os olhos dos portugueses ao falar, com plena consciência de que impropriamente, de documentação por si não disponibilizada para o inquérito da Inspeção-Geral das Atividades em Saúde por razões de “segredo de justiça”; o líder da Oposição, Pedro Nuno Santos – que tão bem tinha estado no processo de eleição do Presidente da Assembleia da República e tão bem estava a argumentar na essência da entrevista que ontem concedeu à TVI/CNN –, ao não ser capaz de se desenvencilhar de uma questão sobre o processo judicial que afeta o seu camarada Eduardo Vítor Rodrigues, isto imediatamente após ter denunciado a opção de candidatura ao Governo da Madeira por parte Miguel Albuquerque, acabando tolhido a balbuciar que as situações são diferentes (quando apenas o são para pior, no momento presente pelo menos, para o autarca gaiense). Em síntese: um a mostrar a sua verdadeira natureza retrógrada e de oportunista proximidade ao dito populismo bronco e reacionário, outro a deixar perceber que entende valer tudo para tentar salvar a sua própria pele em vez de ter a dignidade de confessar o óbvio e de pedir desculpa, o terceiro a evidenciar um grau de precipitação e amadorismo incompatíveis com as responsabilidades que tem sobre os ombros, todos a contribuírem, mesmo que em doses notoriamente desiguais, para que os cidadãos eleitores encarem a “política à portuguesa” como uma espécie de “faz de conta” que não podem nem devem levar a sério. Depois queixem-se!

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