terça-feira, 30 de abril de 2024

SANTOS ERROS E OMISSÕES E UM PROVEDOR QUE VIRÁ DE MOTA


Um breve apontamento neste final de abril para tocar ao de leve o tema do dia: a demissão, por alegada incapacidade de gestão, da Mesa da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa presidida por Ana Jorge. O tema tem e terá os mais diversos contornos, alguns que certamente nunca conheceremos na sua verdadeira expressão (p.e., o da participação de Nuninho na mal-amanhada internacionalização da atividade da Casa com destino ao Brasil). Mas, tirando esse e outros importantes detalhes, o caso merece menção pelo seu caráter revelador do Portugal que vamos tendo.


Refiro-me ao modo atabalhoado como o anterior governo geriu o processo ao tempo de Edmundo Martinho e subsequentemente ao seu afastamento (já não referindo as escolhas subjacentes à nomeação da equipa de Ana Jorge, que talvez tivesse carecido de uma mais cuidadosa mão em termos de valências e competências), refiro-me ao modo como a gestão instalada não preparou a chegada de um novo governo que manifestamente lhe não iria facilitar a vida (to say the least) e refiro-me ao modo deselegante e sôfrego como o atual governo se livrou de Ana Jorge e seus colegas (evidenciando uma sede de ocupação de lugares que já não devia ser tolerada numa sociedade democrática pretensamente moderna, rapidamente passando ao lado de uma análise cuidada e objetiva dos factos e dos procedimentos para privilegiar um combate partidário impróprio e embrutecedor protagonizado por um sempre pronto Hugo Soares e logo negativamente ratificado pelo socialista Tiago Barbosa Ribeiro).

 

Entretanto, e enquanto esta gente se entretém com ataques pessoais descabelados e nomeações que não enganam (parece que será Mota Soares o senhor Provedor que se segue), os rapazes do Chega enchem as televisões e aproveitam o espaço que assim lhes é oferecido para procurarem dar mostras de um sentido de Estado que, perante a estranha falta dele exibida pelas forças do Bloco Central, até quase parece assentar-lhes na perfeição.


(Andrés Rábago García, “El Roto”, http://elpais.com)

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