domingo, 14 de abril de 2024

DE MAL A PIOR!

Ao início da noite de ontem, mais um prego no caixão da paz mundial! O ataque do Irão a Israel, em proclamada retaliação ao bombardeamento pelo Estado judeu da embaixada iraniana em Damasco, aumenta a dimensão da perigosa escalada que envolve o mundo sem que se percecionem caminhos de reversão possíveis. Sendo óbvio que o Ocidente não recuse o seu apoio a Israel, por razões históricas, democráticas e geopolíticas, já o é menos que o governo de Netanyahu e seus apoiantes radicais atuem na arena internacional com a impunidade que de há muito se conhece e que tem ocorrido de forma chocante nas suas recentes incursões em Gaza. Por definição, uma “ordem internacional” deve significar isso mesmo: ordem; e um pressuposto dessa mesma ordem deve necessariamente ser a de uma irrepreensível ética comportamental e relacional. Sim, eu sei que a realpolitik tem os seus alçapões e que estes obrigam a cedências e compromissos em tais domínios, mas tal nunca pode ser compaginável com “polícias do mundo” irreconhecíveis no plano dos princípios civilizacionais e humanitários. O resto está à vista e restam-nos os miríficos apelos à contenção e ao bom senso com que se vai enchendo a boca daqueles sobre cujos ombros recai a responsabilidade maior da desgovernação global em que vamos vivendo – até quando?


(Andrés Rábago García, “El Roto”, http://elpais.com)

(Andrés Rábago García, “El Roto”, http://elpais.com)

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