quarta-feira, 3 de abril de 2024

GOVERNO EMPOSSADO

Ontem ao final da tarde o novo Governo da República, chefiado por Luís Montenegro (LM), tomou posse na Ajuda. O Presidente cumpriu assim o seu sonho de não ir embora sem que tenha havido um primeiro-ministro da sua cor política e convenhamos que tudo fez para o merecer. LM lá fez por lembrar Cavaco (“têm de nos deixar trabalhar”), por sublinhar que quer durar no poder (“estamos aqui para governar os quatro anos e meio da legislatura”), por avisar o PS de que deve optar por ser oposição e não uma força de bloqueio e por piscar o olho à sua direita ao prometer focar-se num pacto anticorrupção. Esperemos agora pelos Secretários de Estado para confirmar ou infirmar algumas primeiras impressões e para que a governação realmente se inicie com a apresentação do seu programa na Assembleia da República. O resto só Deus sabe...

 

Entretanto, na véspera, o primeiro-ministro de saída, António Costa, despediu-se com um tweet de agradecimento a quem lhe permitiu governar durante mais de oito anos sem que se possa afirmar que os seus concidadãos, na larga maioria, tenham dado significativamente por traços positivos da sua passagem, antes retendo – mais marcadamente do que “a viragem da página da austeridade”, a razoável gestão da pandemia ou a ambivalência das chamadas “contas certas” – uma espécie de austeridade 2.0 (que se estendeu das cativações de Centeno e Leão ao excedente de Medina), uma relevante descoordenação em diversas áreas essenciais de inalienável serviço público, uma doentia colagem a taticismos politiqueiros em desfavor de um efetivo foco na transformação desenvolvimentista do País e, em especial, uma maioria absoluta desperdiçada com trapalhadas infindáveis e nunca reconhecidas.


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