Esta semana pensei muito em Agostinho Roseta e estou certo de que ninguém saberá melhor porquê do que o secretário-geral da UGT, Eng.º João Proença. A semana em que, após tantos anos a falarem-nos da necessidade de uma coisa exotérica chamada “reformas estruturais”, se percebeu finalmente do que se trata. Basílio Horta (BH) disse-o cristalinamente na “Quadratura do Círculo” de ontem: “rutura do quadro laboral que até agora tem vigorado”. “Dia histórico”, portanto, este de uma primeira grande "reforma estrutural", largamente aplaudida pela maioria dos que para nós insistem em falar (mesmo que ao sabor do vento!)... e contando com o alto patrocínio da UGT!
BH explicou ainda que “um acordo é uma composição de interesses entre três partes” e que “falta aqui algum equilíbrio, porque o que se pede fundamentalmente é que os trabalhadores, através da sua central sindical, abdiquem de regalias que historicamente tinham”. Acrescentando, civicamente sábio: “a paz social não é apenas a paz nas ruas, é também a paz nas consciências”. E concluindo: “com os acordos muito desequilibrados, pode acontecer que ninguém ganhe”.
Na mesma linha, José Pacheco Pereira (JPP) constatou a “vitória do Governo em relação ao sindicalismo moderado, que até agora era representado pela UGT”. Acrescentando, por sua vez: “quando, no nosso tecido empresarial, se valoriza a relação subjetiva entre quem emprega e quem é empregado (...)”, “relação que até agora a lei protegia da subjetividade (…)” e “esse elemento de subjetividade é reforçado”. E ainda: “um conjunto de medidas que vão favorecer o desemprego”, “estamos numa fase em que, quem vai para o desemprego, fica no desemprego”, “estão a menosprezar o efeito social dos números do desemprego” e “essas pessoas vão viver muito mal e esse viver muito mal é, em si próprio, um obstáculo para o progresso do País”.
Dias depois de Álvaro – que “sabia muitíssimo bem do estado muitíssimo grave da economia portuguesa” – ter declarado que “daqui a um/dois meses todas as reformas de que é preciso para este País sair da situação atual estão feitas”, JPP referiu-se também a “esta mania de que se estão a fazer reformas de fundo, criando uma sociedade que é, em grande parte, abstrata”, “à ideia de que, no fim disto, vem algum milagre económico e subitamente o País vai ser mais competitivo” e a que “nada disto pode ser defrontado apenas com a intervenção das teorias macroeconómicas”. Ah, pois é: a mim, também “me irrita que me venham com moralismos”…
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