

privatização da saúde pública, o Presidente da República Traian Băsescu entra telefonicamente em direto e defende o projeto de reforma da Saúde, Raed demite-se de imediato e também em direto, despoletam-se protestos na rua, Băsescu pede a retirada do projeto e a volta de Raed, este aceita. Não obstante, o rastilho já estava aceso e os confrontos sucederam-se. Entretanto, e já esta semana, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Teodor Baconschi, é demitido por sms pelo primeiro-ministro Emil Boc quando participava, em Bruxelas, no Conselho de Ministros da UE; tinha escrito no seu blogue, a propósito dos manifestantes, serem “originários de bairros podres, pessoas violentas e estúpidas, semelhantes aos mineiros de outros tempos que apoiavam os herdeiros da Sécuritaté”!
Mas, peripécias à parte, o verdadeiramente significante está bem para além desta “espuma dos dias”. Refiro-me à evidência de um outro falhanço político e estratégico da construção europeia, aquela mesma que se proclamava desejavelmente calibrada entre processos de alargamento e de aprofundamento. É que, a somar a uma deficiente avaliação das condições concretas em presença e às consequências concorrenciais devastadoras internamente provocadas, os alargamentos da década passada – e, em especial, o último (Roménia e Bulgária) – autorizaram uma sua associação pelos cidadãos à esperança nascida em 1989 que assaca à Europa as culpas maiores por um desfazer de ilusões de progresso – “a Revolução nunca existiu” – que teria sido, afinal, perfeitamente antecipável.
Hoje, em face da conjuntura conturbada que atravessamos, o grave está na reincidência: veja-se o irresponsável patrocínio – tão bem ilustrado no “on en fera…” de Nicolas Vadot em “Le Vif/L’Express”, Bruxelas – do referendo que tornará a Croácia o 28º membro do “clube” em 2013; mesmo que, menos ingénuos, os croatas possam ter já tido o cuidado prévio de molhar os pés para sentirem a temperatura da água (como o sérvio Corax ilustrou em http://www.tportal.hr) e assim refrearem entusiasmos injustificados...


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