Tempo para participar no XISeminário de Ciências Empresariais da Escola Superior de Tecnologia e Gestão deFelgueiras do Instituto Politécnico do Porto, dedicado ao tema “Reconversão do
Tecido Empresarial Português e Internacionalização”. O seminário tem a
particularidade de ser organizado pelo curso de Ciências Empresariais, neste
caso pelos estudantes do 3º ano. Esta é a primeira nota que merece uma referência
especial. É salutar assistir e participar numa iniciativa exclusivamente
organizada por estudantes (numa grande percentagem trabalhadores-estudantes) de
uma Escola Superior profundamente enraizada no tecido regional (local),
especialmente com o grau de profissionalismo que pude observar desde a preparação
de todo o seminário, escolha de perfis de participantes e controlo de toda a
sessão. Numa lógica de formação para as competências, a participação ativa de
estudantes neste tipo de iniciativas, assumindo riscos, promovendo o contacto
com o tecido institucional e meio empresarial em geral, considero ser uma
experiência de empreendedorismo e bem no espírito da matriz original do ensino
superior politécnico.
Oportunidade também para rever
o Dr. Inácio Ribeiro, Presidente da Câmara Municipal de Felgueiras, antigo
aluno na FEP e o empresário local Dr. Manuel Ferreira Faria, também antigo
colega na FEP.
Mas sobretudo oportunidade
para reafirmar alguns argumentos que tenho explorado neste blogue, entre os
quais o argumento de que resiliência (particularmente de empresas dos
indevidamente caracterizados setores tradicionais) e mudança estrutural são
processos a ocorrer em simultâneo na economia portuguesa, fortemente projetados
no Norte de Portugal. Para compreender essa simultaneidade e os riscos de que
uma austeridade indiscriminada e sem estratégia possa matar precocemente todo
este processo, uma mudança de lentes de análise é necessária – a passagem do
setor à empresa como unidade de análise. Essa mudança de lentes é decisiva num
período de mudança estrutural.
A inspiração pode ser
encontrada numa obra que marcou a década de 2000: Suzanne Berger (2006), How We
Compete, Harvard University Press:
“Não é a indústria ou o setor que são
importantes, mas as capacidades (capabilities) de uma empresa. Por outras
palavras, não há indústrias condenadas ao declínio em economias de salários
elevados (argumento
extensivo a qualquer outra economia, acrescento) embora haja
seguramente estratégias em perda e condenadas, entre elas as que constroem um
negócio sobre as vantagens do trabalho barato”: p. 255.
Palavras sábias, principalmente
porque são baseadas na observação das vantagens competitivas dinâmicas e a
longo prazo.
Obrigada por nos ter deixado ser merecedores deste apontamento no seu blog
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