sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

RESTA-NOS QUE AS APARÊNCIAS ILUDAM…

Rumores crescentes sobre a necessidade de um segundo resgate, coberturas do risco de incumprimento da dívida (CDS’s) a refletirem uma probabilidade de “default” próxima de 70%, agravamento dos juros da dívida pública com ultrapassagem de novos máximos históricos (valores de negociação próximos dos exigidos à Grécia há meio ano, i.e., quase 20 e 15% para 5 e 10 anos), Carlos Moedas a publicar hoje um artigo de opinião no mesmo “Wall Street Journal” que esta semana escrevera que Portugal dificilmente regressará aos mercados no prazo previsto e que será assim obrigado a pedir um reforço do programa de assistência internacional. Eis onde estamos, por estes dias.

Com efeito, mesmo sabendo-se que a economia portuguesa possui melhores “fundamentais” do que a grega e está numa posição significativamente diferente em relação aos mercados, a maioria dos analistas apontam o dedo às “desanimadoras” perspetivas de crescimento (o ING, p. e., antevê uma recessão de 3,2% em 2012 e uma situação inalterada no ano seguinte) como fazendo perigar a meta de redução do défice e tendendo a colocar Portugal “looking more and more like it will follow Greece” e “running out of time”, ou seja, perante o fantasma de um perdão da dívida.

Sublinhe-se ainda que, com toda a sua auréola, o “Financial Times” veio também “ajudar à missa” sob o sugestivo título “Lisbon next?”, chamando a atenção para o dado acima de que “o mercado de obrigações português foi o único da periferia da Zona Euro que não conseguiu recuperar desde que o Banco Central Europeu anunciou a 8 de Dezembro uma oferta de empréstimos a três anos aos bancos da Zona Euro, movimento que afastou uma crise de contração de crédito”.

E o artigo em causa (http://www.ft.com/intl/cms/s/0/49916f7a-468a-11e1-89a8 00144feabdc0.html#axzz1kfbD02sx) termina com um aviso: “Portugal é um ‘diddy, diddy country’, mas estes pequenos países podem causar contágio e aumentar o risco de ‘default’ de economias maiores. Em tal cenário, as inquietações quanto à rutura do Euro regressarão rapidamente a primeiro plano.” A oeste nada de novo?

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