(France Press - Getty Images)
As notícias na imprensa internacional sobre o modo como Portugal se está a dar com o resgate financeiro não têm sido abundantes. A nossa reduzida dimensão explica o vazio noticioso e nem sequer o tão proclamado “momento histórico” do acordo de concertação social mereceu cobertura à altura das expectativas dos nossos governantes.Mas o Wall Street Journal (WSJ) de hoje rompe em parte com o vazio noticioso, com uma peça ameaçadora: “O segundo resgate financeiro de Portugal parece mais provável”. A matéria implícita na avaliação do WSJ prende-se com a data de Setembro de 2013, na qual o regresso aos mercados funcionaria como um instrumento decisivo para ajudar a pagar cerca de 9 mil milhões de euros. As taxas de rendimento dos títulos portugueses de longo prazo continuam a níveis excessivamente elevados e a contiguidade quer com o problema grego, quer com a instabilidade da zona euro continua aparentemente a ignorar a disciplina de cumprimento do acordo por parte do país.
Como sempre foi aqui sublinhado, a probabilidade de um bom cumprimento do acordo de resgate financeiro não chegar para nos colocar a salvo, devido sobretudo à inconsistência da abordagem europeia, justificaria uma abordagem mais matizada à situação interna. Não sabemos se esta tentativa de matização terá sido concretizada no recato das negociações. Pelo menos ao nível do discurso público essa preocupação não transpareceu. Há uma afirmação no artigo do WSJ que suscita alguma indignação e repulsa: depois de vincar as diferenças conhecidas face à Grécia (maioria política aparentemente estável, menor resistência social), o artigo refere que “Portugal está próximo da Grécia num ponto essencial – o seu programa de resgate admitiu que a economia melhoraria demasiado e depressa”. O cinismo desta avaliação impressiona. A transformação do resgate financeiro em sujeito do processo (o resgate admitiu …) dá que pensar. Como se um processo de resgate não tivesse responsáveis, intérpretes, orientadores.
Mas a onda não começo apenas com o artigo do WSJ. No passado dia 20, o The Telegraph dava eco da opinião de alguns analistas, um pouco no mesmo registo: “Sem uma corte considerável no seu stock de dívida, Portugal não será capaz de evoluir para um percurso fiscal viável. Esperamos um corte de 35 pontos percentuais no fim de 2012 ou de 2013”.
Qual terá sido de facto o tema da conversa que a imagem inicial documenta?
Curiosamente, na cobertura que o Business Insider deu ao assunto a imagem que acompanhava a nota era sugestiva:
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