Durante o dia de hoje, foram várias as vezes que me cruzei com a imagem junta, a capa do Diário Económico afixada nas habituais montras ou entradas de quiosques. E um quê de mistério foi crescendo em mim: porquê este destaque de uma primeira página, e com fotografia e tal dimensão?
Fui ler o que estava dentro (http://economico.sapo.pt/noticias/resultados-da-banca-dividem-cmvm-e-banco-de-portugal_136640.html) e confesso que nenhuma luz se me fez – tudo parecia limitar-se a uma mera diferença de perspetiva quanto ao calendário de apresentação dos resultados de 2011 por parte dos bancos: Carlos Costa (BdP) teria dado indicações à banca para que tivesse cuidado quanto ao momento de divulgação das contas; Carlos Tavares (CMVM) veio defender que “era melhor ter-se a informação completa, já com os planos [de recapitalização] aprovados" e, por não esperar uma aprovação dos planos de capitalização antes de Março, uma apresentação simultânea nessa altura; o BdP não concordaria com essa posição, visto considerar que estar a mexer novamente nas datas iria causar demasiada perturbação no mercado. Ressalvando a minha possível ignorância/desinformação, nada de essencial ou dramático estaria em causa, portanto…
Já "googlava" em torno de outros temas quando me salta aos olhos um “Subsídios. CMVM e Banco de Portugal em choque” deste mesmo dia (http://www.ionline.pt/dinheiro/subsidios-cmvm-banco-portugal-choque). Fui ver e a dissonância em título perpassava também as palavras citadas: “Nós cumprimos a lei. Não vejo razões para haver exceções”, assim teria Carlos Tavares manifestado o seu desagrado por o Banco de Portugal ter decidido pagar os subsídios de férias e de Natal aos seus colaboradores; tendo ainda acrescentado: “É importante que se mantenha o princípio de equivalência dos reguladores. A supervisão comportamental não é menos importante que a prudencial”.
Estará então aqui a chave para o entendimento da intrigante “caixa”? A despeito do objetivamente declarado, não o tenho por adquirido. Desde logo, porque o assunto é pequeno e de um foro que o direito terá de resolver; mas, sobretudo, porque o ego que muito justamente ostentam “os Carlos”, na sequência de carreiras exemplares e tão frequentemente entrecruzadas, não iria ao ponto de os obnubilar quanto ao posicionamento público que se exigem.
Fiquei assim hesitante quanto à existência de fundamento para colocar este post. Mas, na dúvida entre ele não mais ser do que o fruto de um dia parco em notícias ou de um momento mau de editor e jornalista – o que apenas o tornará, sem mais consequências, uma espécie de lixo de amanhã – ou poder significar um sinal de alerta ou vir a beneficiar de novos contornos de inteligibilidade…
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