No âmbito das comemorações do centenário da República,
realizou-se no Porto em finais de 2010 (18 e 19 de Novembro), um colóquio
centrado no tema DESIGUALDADES SOCIAIS: OS MODELOS DE DESENVOLVIMENTO E AS POLÍTICAS PÚBLICAS
EM QUESTÃO, sob a estimulante, inteligente e empenhada coordenação
do meu amigo e colega Professor José Madureira Pinto. Por amabilidade deste, apresentei
nesse colóquio um trabalho intitulado “A sustentabilidade social dos processos de crescimento económico:
simples restrição ou equação global a resolver?” que antecipava
algumas das ideias centrais que tenho explorado e desenvolvido neste blogue. Tive
a honra de partilhar a reflexão aí apresentada com vozes bem mais autorizadas
do que a minha: António Esteves, Isabel Guerra, João Ferreira de Almeida, João
Cravinho, João Rodrigues, Presidente Jorge Sampaio, Manuela Silva, Raymond
Torres (Diretor do Instituto Internacional dos Estudos Laborais da OIT), Robert
Castel, Virgílio Borges Pereira e Xavier Timbeaud.
Dado o contexto temporal em que a iniciativa ocorreu e considerando
o défice de debate de ideias em torno das relações entre a crise do modelo de
crescimento português e o continuado agravamento da desigualdade, com forte
impacto na perceção e na realidade da coesão social, seria de esperar melhores
condições de difusão do conhecimento aí produzido. A iniciativa do Dr. Artur Santos
Silva (que quis inscrever na matriz das comemorações a perspetiva de futuro) e
o empenho entusiasta da coordenação do Professor Madureira Pinto mereciam
melhores condições de divulgação e disseminação. Já o próprio colóquio teve uma
divulgação bastante limitada (visível na reduzida massa de público presente nas
duas sessões realizadas. Mas os problemas de disseminação dos resultados do
debate não ficaram por aí. A elaboração dos textos apresentados pelos autores
mereceu a atribuição de um valor pecuniário e foi prometida a edição de obra
coletiva.
A edição foi conturbada e creio que não foi devida aos
naturais atrasos de envio dos autores. Por informação diligente que o coordenador
da obra conseguiu obter, terá sido editada pela CALEIDOSCÓPIO, os exemplares
dos autores terão estado perdidos algures num recanto da Universidade Nova de
Lisboa (vá la saber-se porquê) e ainda por empenho do Professor Madureira Pinto
lá se conseguiu chegar via internet à evidência da sua publicação (capa existe,
pelo menos e acompanha este post). O fechamento de contas e da própria
estrutura organizativa das comemorações não terá facilitado o processo. Estou
em crer que tudo isto se passou à margem da diligente Presidência das comemorações.
Algum funcionário (a) fantasma terá sido insensível à relevância do tema e da
sua disseminação.
Mas a edição conturbada não pode deixar de me inspirar
algumas observações:
- Sem menosprezo pela editora, pergunto-me, edições desta natureza não deveriam ser obra da Imprensa Nacional?
- Tendo a iniciativa envolvido a utilização de dinheiros públicos não seria de assegurar melhores condições de difusão para o conhecimento que a sua aplicação tornou possível?
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