Os primeiros trimestres de 2011 confirmaram no plano do ritmo de crescimento das exportações essa mudança e evidenciaram uma resiliência apreciável de presença nos nossos mercados mais representativos, apesar da ameaça asiática “low cost” e do peso da intermediação holandesa e belga nesse tipo de produtos.
A APICCAPS tem editado regularmente uma excelente análise de conjuntura trimestral (Foot Grafia dinâmica do setor do calçado). Através desta publicação tem sido possível confirmar a presença de empresários mais preocupados em termos de competitividade com o preço ou dificuldades de abastecimento de matérias-primas e com o volume de encomendas (nacionais e estrangeiras) do que com problemas salariais.
As previsões que constam da edição correspondente ao 2º trimestre de 2011 permitem antecipar uma desaceleração do crescimento das exportações para o último trimestre desse ano e muito provavelmente uma variação negativa das mesmas para o ano de 2012. Como seria previsível, as perspetivas recessivas na zona euro e na União Europeia em geral tenderão a penalizar um setor predominantemente transacionável e orientado para os mercados europeus. O desafio colocado situar-se-á entre a resistência nos mercados francês e alemão e a mais arriscada opção de apostas em novos mercados.
Os números da previsão APICCAPS ilustram o que parece evidente na situação atual europeia e que alguns continuam a menosprezar. A incapacidade de combater eficaz e duradouramente a situação globalmente recessiva da União Europeia tenderá a comprometer a resiliência exportadora notável de um setor transacionável, afinal um dos únicos e relevantes fatores de crescimento económico que a economia portuguesa dispõe nas baias definidas pelo resgate financeiro.
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