Luís Filipe Castro Mendes (LFCM) não será um dos mais referenciados de entre os poetas portugueses atuais. A sua última obra – “Lendas da Índia”, Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2011 -, lida embora à luz da mera sensibilidade de um leigo na matéria, prova de modo inequívoco que merecia sê-lo.
Para quem o não conhece, tudo começa na apresentação: “É uma ousadia escrever do que mal entrevemos? Mas não será sempre uma ousadia impensável o acto de escrever?”. LFCM hesita perante as resistências da sua grande discrição. Mas decide-se pela resposta aos apelos comunicacionais de uma forte introspeção: “sente quem aqui escreve (e sentirá quem lê?) a necessidade de preencher uma infinidade de espaços brancos entre as suas experiências e as suas palavras”.
E lá está também “A Sombra”, escrita em Paris, dois anos atrás, aos 60 anos:
“Quem eu fui há vinte anos
veio hoje tomar-me do braço e perguntou:
o que fizeste de mim?
Respondi-lhe: fiz tudo quanto deixaste
que eu pudesse fazer.
A sombra sorriu de troça.
e desapareceu.
(Ainda preciso de desculpas
para tudo o que não fiz.)
Para quem o não conhece, tudo começa na apresentação: “É uma ousadia escrever do que mal entrevemos? Mas não será sempre uma ousadia impensável o acto de escrever?”. LFCM hesita perante as resistências da sua grande discrição. Mas decide-se pela resposta aos apelos comunicacionais de uma forte introspeção: “sente quem aqui escreve (e sentirá quem lê?) a necessidade de preencher uma infinidade de espaços brancos entre as suas experiências e as suas palavras”.
É este o homem que está por detrás. O público e o privado, a afabilidade do diplomata e a espessura do intelectual. Com uma passagem pela embaixada da Índia que teria inevitavelmente de dar frutos, mesmo que “tão-só lendas” e não “vislumbres”. “Junto aos Himalaias”, ao “Anoitecer no Ganges” ou numa “Rua em Nova Deli”, um permanente diálogo com a memória (“Camões na Índia” ou “Ilha de Elefanta, Bombaim”), as raízes (“Em Odeceixe” ou “Canção do exílio”), o mundo (“San Francisco” ou “Uma cidade na Escócia, desfocada no poema”), os amigos (“A João Bénard da Costa, na sua morte” ou “Elegia de Majorda, na morte de João Martins Pereira”), os outros (“Com que voz?” ou “Dois Sonetos”), o interior (“Perto do sublime” ou “Momento”)...
E lá está também “A Sombra”, escrita em Paris, dois anos atrás, aos 60 anos:
“Quem eu fui há vinte anos
veio hoje tomar-me do braço e perguntou:
o que fizeste de mim?
Respondi-lhe: fiz tudo quanto deixaste
que eu pudesse fazer.
A sombra sorriu de troça.
e desapareceu.
(Ainda preciso de desculpas
para tudo o que não fiz.)
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