A operação de troca de dívida pública portuguesa, ocorrida na passada Terça-Feira, deu lugar a imensos comentários desencontrados. Sendo que, no essencial, a operação correspondeu a uma opção quase óbvia: tratou-se de propor a quem tivesse neste momento em mãos títulos de dívida de três emissões com prazo de amortização marcado para 2014 e 2015 uma troca desses títulos por outros a serem pagos apenas em 2017 ou 2018 e com taxas de juro variando entre 4,677% e 4,956%.
Num momento de alguma acalmia nos mercados, após a decisão irlandesa de sair do seu programa de assistência financeira através de um financiamento sem rede em mercado, quando era conhecida a grande concentração de amortizações de dívida pública portuguesa previstas para os próximos dois anos e sendo sabido que em meados do próximo ano haverá uma incontornável focalização internacional em Portugal por razões associadas à chegada ao fim do prazo do programa de assistência financeira, o Governo sabia com forte probabilidade que podia contar com a disponibilidade dos bancos portugueses – sim, porque estava excluída a participação do BCE (possuidor da grande maioria dos títulos portugueses detidos por não residentes) e porque 98,5% dos títulos detidos por residentes pertencem ao sector financeiro nacional – para garantir o prolongamento do prazo de alguns dos seus créditos e assim o sucesso da dita operação (6600 milhões de euros trocados – ver gráfico acima, reproduzido a partir do programa “Contas Certas” da “RTP Informação”).
Tudo somado, uma operação decidida dentro da lógica e que, tendo certamente significado algum dispêndio adicional de recursos, permitiu desanuviar horizontes próximos e alimentar leituras externas positivas. Daí a dizer-se que correspondeu ao início do nosso inelutável regresso aos mercados...
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