quinta-feira, 5 de maio de 2016

30 ANOS DE INTEGRAÇÃO EUROPEIA




(ON THE ROAD AGAIN, para uma conferência na Corunha sobre os 30 anos de integração europeia de Espanha e Portugal, de cuja preparação sistematizo neste post algumas evidências que é necessário não esquecer para o bom êxito da alternativa da geringonça)

Na próxima segunda-feira rumo à Corunha, mais propriamente ao Sporting Clube Casino (espero que o nome do Casino não seja de mau agoiro), a convite da Diputación da Corunha e do seu centro de informação europeia, A Coruña Direct, com a companhia do meu amigo Professor Catedrático da Universidade da Corunha Júlio Sequeiros Tizón e do jornalista Fernando Salgado de La VOZ de GALICIA (ver link aqui).

Partilho convosco a estrutura da minha intervenção e algumas evidências empíricas que sistematizei para animar a charla, contando que venha a ser um debate bastante aberto.
 
Quanto à estrutura da intervenção ela vai ser a seguinte:

  • 1. Necessidade de periodização: razões e proposta concreta

  • 2. As expectativas iniciais: as esperanças de modernização e de partilha do modelo social europeu

  • 3. Os constrangimentos do Euro: o esgotamento do modelo de crescimento combina-se tragicamente com as restrições externas

  • 4. A tripla crise: “Grande Recessão, Dívidas Soberanas e Esgotamento do Modelo de Crescimento” frente ao muro da miopia do pensamento económico europeu

  • 5. O que o futuro nos reserva: vai Portugal empobrecer?

Quanto ao suporte reflexivo da intervenção, a minha estratégia consiste em partir do estado da arte que existe sobre a integração europeia e sobre ele desenvolver a minha própria interpretação e também os dados decorrentes da investigação conjunta com a Pilar González, o Hugo Figueiredo e o Luís Delfim Santos. E em matéria de estado da arte, a referência fundamental mais sólida e mais recente é: Fernando Alexandre e outros (organizadores) (2014), A Economia Portuguesa na União Europeia: 1986-2010, Lisboa: Actual Editora – Grupo Almedina, um conjunto incontornável de perspetivas sobre aquele período, à qual falta talvez alguma controvérsia.

O campo possível de controvérsia está na interpretação dos acontecimentos observados a partir de 1999, data de integração na zona Euro e seu pleno funcionamento:

  • A integração na zona Euro acaba por coincidir (ou precipitar?) com a revelação de questões estruturais de alocação de recursos …

  • Com reflexos penalizadores na competitividade …

  • Na produtividade do trabalho e na produtividade total de fatores …

  • Com agravamento de dois défices, o externo e o público …

  • Embora inicial e paradoxalmente com impacto distributivo e melhoria nos indicadores de desigualdade da distribuição do rendimento …

  • Com evidências diversas mas todas marcantes.

Algumas evidências


4 gráficos emprestados de uma intervenção pública do Carlos Costa, Governador do Banco de Portugal:

 
Ou seja, a alocação de recursos distorcida no plano interno, em que lógica de mercado e determinadas opções de política pública se combinaram virtuosamente para nosso mal.

Maldição do Euro?

Tendência para a descida persistente das taxas de variação homólogas trimestrais do PIB 

(Elaboração própria a partir das séries cronológicas do Banco de Portugal)

O drama da formação bruta de capital fixo

Oh tempo volta para trás!

 (Elaboração própria a partir da base AMECO - European Commission- Economic and Financial Affairs)

Os malefícios da taxa de câmbio real sem poder influenciar a taxa de câmbio nominal, induzidos pela subida do preço relativo dos não transacionáveis:

(Elaboração própria a partir da base AMECO - European Commission- Economic and Financial Affairs)

Com a produtividade total dos fatores (uma medida da eficiência global da economia) a agonizar nos últimos tempos:

(Elaboração própria a partir da base AMECO - European Commission- Economic and Financial Affairs)

E com as variações da produtividade do trabalho a serem entre 1995 e 2009 substancialmente ultrapassadas pelas variações reais do salário médio e do salário mediano e o período entre 2008 e 2012 a colocar o salário médio e o mediano praticamente aos níveis de 1995:
 
Fonte: Cálculos meus para a produtividade e de Luís Delfim Santos para os salários médio e mediano, in “Figueiredo H., Santos L.D., Gonzalez P. and Figueiredo A. (2015). Job Polarisation and Wage Inequality in Portugal, 1995–2009. CEF.UP Working Papers. Faculdade de Economia do Porto.

Com uma fragilidade de presença no comércio internacional:

(Elaboração própria a partir da base AMECO - European Commission- Economic and Financial Affairs)

E uma lenta, embora efetiva, realocação setorial do crédito:

(Elaboração própria a partir de diferentes números do Boletim Estatístico (mensal) do Banco de Portugal)



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