Os deuses devem estar loucos ou, pelo menos, andarão seguramente bastante atordoados!
Em Bruxelas, prossegue a fala de cada um para seu lado num acertado conjunto de desacertos (cumpre e não cumpre, sanciona e não sanciona, dá folga e não dá, pressiona e suaviza, é agora mas afinal será em julho ou mesmo para o ano que há de vir) que só pode chocar as gentes de bem – parece que Juncker não quereria aplicar multas, embora o inefável líder do seu partido europeu tenha veementemente apelado à respetiva implacabilidade; parece que o candidato a falcão Dombrovskis se terá tido de explicar perante os seus correligionários ibéricos Cañete e Moedas; parece que o protótipo do socialismo europeu vai variando entre a vaidosa intransigência do schäubliano Dijsselbloem e a vaidosa inconsequência do comissário Moscovici; e por aí fora... Sendo que toda esta comédia/tragédia já vai a ponto de ser o insuspeito Weidmann, presidente do Bundesbank, a vir publicamente denunciar a complexidade e opacidade dos procedimentos e das regras...
Este post termina com alguns números e gráficos de apoio à minha argumentação, na qual quero ainda incluir mais algumas perguntas correlacionadas: o que é que tem a França (como também essa Itália autorizada a ultrapassar em 14 mil milhões de euros o seu objetivo de défice para 2016) que a Ibéria não tem? Espanha e Portugal, a mesma luta contra o défice (e até contra uma dívida pública que já por lá vai perto dos 1100 milhões de euros e num nível recorde superando os 100% do PIB)? E se não houvesse na agenda a repetição das eleições espanholas em junho, quão magnânima era a “indulgência”? – e, já agora, como quererão que a mesma seja se Rajoy conseguir manter-se no poder, a de um contorcionismo tributário melhorado ao serviço do status quo e para burocrata controlar?
(Luís Afonso, http://www.jornaldenegocios.pt)
Enfim, e por cá, enquanto os comentadores e os “especialistas” se desfazem deleitadamente em refinamentos antigovernamentais e em anúncios de desgraças sobre a viabilidade do País, aliás sem qualquer preocupação construtiva e apenas visando disputar entre si um nada dignificante troféu de campeão contra a “geringonça”, Costa (e, por vezes, Centeno e outros ajudantes) insiste em se agarrar a uma duvidosa retórica proclamativa ou defensiva em torno de alguns factos, números e sinais. Os cidadãos, esses, sentir-se-ão melhor em termos respiratórios e anímicos (o que não é de todo irrelevante!) mas nem por isso menos desconfiados quanto ao que ainda lhes pode vir a calhar em sorte...
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