(Ou como um bicho
de secretária avalia se as pernas estão enferrujadas)
Nem sempre nem nunca, mesmo
os bichos de secretária têm contas a acertar com o exercício físico e com a
fruição da natureza.
Assim, à boleia de uns
amigos nativos de Arouca, hoje deu para testar pela primeira vez os passadiços
do Paiva, fazendo a ligação entre Espiunca e o Areinho, agora que os passadiços
parecem ter recuperado dos efeitos devastadores da intempérie passada.
Oportunidade para testar o
enferrujamento das pernas ditado por tantas horas de secretária, mas também
para avaliar a própria infraestrutura, que começa a assumir uma notoriedade
significativa, alterando a pacatez das margens do Paiva e da aldeia de Espiunca
e adjacências e continuando a projetar Arouca para um panorama de atratividade
que começa a destacar-se entre os municípios interiores.
Os 8 kilómetros não são
especialmente desgastantes, embora no percurso Espiunca-Areinho o último terço
com uma infindável sequência de escadas de madeira imponha respeito e faça o
coração bater mais acelerado, para acabar com uma descida infindável de mais de
600 degraus até ao Areinho. A beleza da envolvência do Paiva, sobretudo da sua
garganta, compensa o esforço e dei comigo a pensar que o percurso exigiria
talvez uma interpretação mais ousada, limitada como está na versão atual a
algumas referências de flora em cerca de 4 cartazes ao longo de todo o trajeto.
A segurança está bem conseguida, embora preferisse um corrimão tradicional
aquela massa espalmada de pinho tratado que encima a proteção e toda a infraestrutura
de madeira. Em certos momentos do percurso a densidade de visitantes começa,
sobretudo nos longos trajetos de escadas, a exigir alguma regulação de
movimentos. Nos locais de partida e de chegada do percurso (Espiunca e Areinho)
exigir-se-ia algum investimento adicional em termos de infraestruturas básicas,
designadamente bancos de espera designadamente enquanto se aguardam pelos táxis
ou outros transportes que ligam aqueles pontos entre si por estrada ou a outros
destinos. Mas mesmo com estas insuficiências que não me parece complexo colmatar,
Arouca tem nos passadiços uma grande oportunidade de notoriedade e de os
transformar num ativo complementar de outros recursos.
Sem comentários:
Enviar um comentário