sexta-feira, 6 de maio de 2016

NA MORTE DE SINÉ


Mais um daqueles tocantes e representativos desaparecimentos de alguém que não conhecíamos mas que nos acompanhou toda uma vida. Maurice Sinet, vulgo “Siné” ou “Bob”, morreu ontem em Paris aos 87 anos. Na mais marcante e profunda das homenagens, o “Libé” de hoje chama-lhe éternel pourfendeur de l’ordre établi et des cons. Juntas, as suas últimas e lúcidas referências ao desenlace que se aproximava (je pense aussi à tous les enculés qui vont se frotter les mains et ça m’énerve grave de crever avant eux!).

Abaixo, a melhor das memórias do notável desenhador (incluindo duas bem lusitanas, e datadas): os seus desenhos, antes, durante e depois de “Charlie”, sobretudo após ter sido despedido (porque um dia escreveu o seguinte sobre o filho de Sarkozy: “Jean Sarkozy, digno filho do seu paternal e já conselheiro geral da UMP, saiu quase sob aplausos do seu processo em correcional por delito de fuga em scooter. O Ministério Público pediu mesmo a sua libertação! É preciso dizer que o queixoso é árabe! Não é tudo: ele acaba de declarar querer converter-se ao judaísmo antes de casar com a sua noiva, judia e herdeira dos fundadores de Darty. O pequeno vai fazer caminho na vida!”) e reagido criando um projeto próprio aos 80 anos (“Siné Hebdo”, depois “Siné Mensuel”).

Provocador e iconoclasta, Siné pôs o dedo em quase tudo, quase tudo arrasou e talvez que quase tudo tenha sido demais...





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