sábado, 21 de maio de 2016

ESPETACULARMENTE DISCUTÍVEL




Sei que uma Cidade que se recomende deve ser plural e aberta a uma diversidade, quanto mais ampla quanto o possível, de construção de espaços lúdicos em função dos padrões socioculturais de residentes e, para as cidades internacionalmente atrativas, de turistas em regime de short breaks ou mais longas permanências. Sou obviamente contra cidades monolíticas que pretendem impor um modelo cultural não o discutindo com os seus residentes. É ainda provável que no imaginário de um número que pode ser considerável de residentes o desporto automóvel seja considerado um fator de atratividade e que merecer ser trazido ao centro da Cidade (vejam-se os testemunhos do vídeo do JN aqui que testemunham esse entusiasmo). Eu próprio ainda guardo uma muito vaga memória da meninice das corridas na Avenida da Boavista com o Stirling Moss e outros. Sei tudo isso e até posso reconhecer (embora não o tendo presenciado) que trazer o Rally de Portugal à baixa dos Aliados é espetacular e que pode marcar um Momento na Cidade.

Mas, desculpem-me a má vontade, tudo isto é espetacularmente discutível. Porquê? Sobretudo pela inconsistência e incoerência de promovermos um evento desta natureza face a padrões de mobilidade que se pretende disseminar na Cidade, nos quais a presença do Automóvel no centro da Cidade terá de ser progressivamente reduzido.

Posso condescender com esta inconsistência se me demonstrarem que os efeitos de atratividade e de impacto económica de um evento desta natureza são tão relevantes que recomendarão uma análise custo-benefício mais ampla. Até lá, fica o espetacularmente discutível momento de trazer à Cidade a perícia da alta velocidade e a necessidade de uma mais cautelosa e coerente avaliação das efemeridades desta natureza.

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