Sei que uma Cidade que se recomende deve ser
plural e aberta a uma diversidade, quanto mais ampla quanto o possível, de
construção de espaços lúdicos em função dos padrões socioculturais de
residentes e, para as cidades internacionalmente atrativas, de turistas em
regime de short breaks ou mais longas permanências. Sou obviamente contra
cidades monolíticas que pretendem impor um modelo cultural não o discutindo com
os seus residentes. É ainda provável que no imaginário de um número que pode
ser considerável de residentes o desporto automóvel seja considerado um fator
de atratividade e que merecer ser trazido ao centro da Cidade (vejam-se os testemunhos do vídeo do JN aqui que testemunham esse entusiasmo). Eu próprio ainda
guardo uma muito vaga memória da meninice das corridas na Avenida da Boavista
com o Stirling Moss e outros. Sei tudo isso e até posso reconhecer (embora não
o tendo presenciado) que trazer o Rally de Portugal à baixa dos Aliados é espetacular
e que pode marcar um Momento na Cidade.
Mas, desculpem-me a má vontade, tudo isto é
espetacularmente discutível. Porquê? Sobretudo pela inconsistência e incoerência
de promovermos um evento desta natureza face a padrões de mobilidade que se
pretende disseminar na Cidade, nos quais a presença do Automóvel no centro da
Cidade terá de ser progressivamente reduzido.
Posso condescender com esta inconsistência se me
demonstrarem que os efeitos de atratividade e de impacto económica de um evento
desta natureza são tão relevantes que recomendarão uma análise custo-benefício
mais ampla. Até lá, fica o espetacularmente discutível momento de trazer à
Cidade a perícia da alta velocidade e a necessidade de uma mais cautelosa e coerente
avaliação das efemeridades desta natureza.
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