Qual é a sua maior força?, pergunta-lhe o entrevistador António José Teixeira. E Eduardo Lourenço responde: “Ter vivido distraído de mim mesmo”. A poucos dias de completar 93 anos, o grande pensador deixa-nos matéria para reflexão numa entrevista que é hoje publicada no suplemento “Weekend” do “Jornal de Negócios”. Ele que se assume como estando “sempre à procura do sentido, de ver o que lá não está”. Ele cujo “segundo olhar” lhe diz que “a única coisa que importa é saber que mundo é este em que nós estamos e o que nós somos”. Ele que se diz não memorável porque “as memórias são para alguém que teve uma influência real na vida pública”. Ele, “um deficientíssimo cristão”, que afirma ainda que “o religioso é onde separamos aquilo que, para nós, é realmente importante do que não é importante” e que “nós [espécie humana] somos o sujeito de tudo porque só nós é que somos seres conscientes”. Palavra, profundamente rica e agradavelmente perturbadora, de um dos mais lúcidos desses tais seres!
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